22 de dez. de 2009

What a Wonderful World


"Nossa, o ano já acabou?" Quantas vezes ouvi essa frase, em todo ano, durante toda a minha vida...É certo que nesta época as pessoas falam de renovações, embora não consigam a metade delas. É certo que se fala em solidariedade, amor, fraternidade e todas as "dades" dessa novidade que é um ano que chega.

Apesar da minha máscara de "coração gelado", dá vontade de chorar ao ver as criancinhas cantarem "então é natal...". Mas, mais vontade de chorar me dá ao ver outras cenas.

Há umas semanas eu passava pelo Cais do Porto "revitalizado",às 19h, e vi uma família que mora ali -dentre tantas outras. A mãe fazia sua higiene com um baldinho e uma água que sabe lá Deus de onde veio, o pai esperava , o filho colocava a calça e já tinha o cabelo penteado. Mais à frente, uns meninos correndo pra lá e pra cá, com uns shorts enormes (cavalo dado não se olha os dentes), brincando quase que despercebidos pelas pessoas, a não ser por aquelas que tinham medo de serem assaltadas por eles. Essa semana, na Pç. Mauá,pela manhã, vi um outro menino, com roupas grandes sujas, pequeno, lindo, com uma garrafinha de refrigerante, sei lá, que deveria ser o seu café. Ele cantava sozinho e batucava na garrafa.

Sempre quando falo algo do tipo para outras pessoas , ouço:"mas isso é normal no centro da cidade". É, eu sei. Há quase sete anos passo por estes lugares, além de outros do Rio e, "apesar da normalidade", não deixo de sonhar com outra norma, com outro padrão.

Enlouquecidamente me pergunto: o que posso fazer para mudar? O que posso fazer, eu também te pergunto. Falar, falar ou escrever não resolve. Não há mais sensibilidade com o que é normal, banal, cotidiano. Há lágrimas para o filho que canta com a turminha o "Então é natal...", mas não há para aquelas crianças que sorriem, brincam e cantam, sujas, com fome e até drogadas.

Não posso me conformar, tomar a mesma forma desse mundo que padronizou a pobreza, que manda fuzilar meninos de rua que roubam no sinal, mas que falam que seus filhos são doentes quando sustentam o crime organizado comprando drogas. Eu sonho em um dia olhar a janela do ônibus e não ver famílias nas ruas, meninos drogados me pedindo dinheiro, crianças vendendo balas descalças,homens sujos sentados esperando a vida acabar. Eu sonho com brancos sem medo de negros no meio das ruas; educação e emprego para todos; vagas em hospitais mesmo para aqueles que não conhecem um funcionário da saúde; eu sonho com pais que passam mais tempo com os filhos e que deem importância às suas perguntas e histórias; eu sonho com meninos de todas as classes que não precisam encontrar nas drogas o seu refúgio. Eu sonho com aquele mundo cantado por Louis Armstrong e que meu pai colocava toda virada de ano quando eu era criança. Eu sonho com esse mundo maravilhoso!

17 de nov. de 2009

Doe vida!

Com um pequeno gesto você pode salvar uma vida. Basta um cadastro e uma coleta do seu sangue. Pronto, você já está incluído no REDOME, o registro nacional de doadores voluntários de medula óssea. Este ano, foi atingida a marca de um milhão e 300 mil doadores cadastrados. Um ótimo número, mas ainda insuficiente, devido à dificuldade de compatibilidade entre não aparentados, que é de uma em 100 mil.

Um (ou uma) paciente em São Paulo, porém, tirou a sorte grande. E eu também. Fiz o cadastro e após algum tempo, ligaram-me informando que eu era compatível com um paciente. Fiquei muito empolgada e depois de mais alguns exames e fiz minha doação na última semana.

Foram dois dias de doação, por sangue periférico e, de acordo com o médico, a coleta das células progenitoras foi ótima. Enquanto eu me preparava, o paciente seguia com a destruição da medula comprometida dele, para receber a minha.

Foi um processo rápido, sem dor e que ajudou a salvar uma vida. Espero que as pessoas se conscientizem da importância do cadastro, e propaguem essa ideia, assim como eu estou fazendo.

9 de nov. de 2009

Vim compartilhar: transporte coletivo II

Amigos,
Enviei este e-mail hoje para uma empresa de ônibus com a reclamação gigante e gostaria de compartilhar com vocês:

"Boa tarde,
Não achei um link para enviar sugestões/reclamações, por isso, estou enviando para este e-mail.
Sou passageiira frequente da Rubanil, seja no 351, no 376 ou 377, tanto para ir quanto para voltar do meu trabalho. Decidi enviar este e-mail, porque por três vezes assisti a mesma cena. Como direito, pessoas idosas, deficientes e grávidas tem um assento próprio para elas, mas, que não é respeitado pela população.

Há um mês, na mesma semana, uma pessoa cega entrou no 351, contudo ninguém cedeu o lugar que era direito dela, pois havia pessoas sentadas nas cadeiras especiais, sem portar alguma necessidade que a faça ficar ali. No dia seguinte, na linha 377, um senhor com mais de 70 ano e uma bengala, inclusive, pegou o ônibus e as pessoas fingiram literalmente que não o viram. Ele ficou a viagem toda em pé, próximo à roleta, porque ali era mais fácil para ele se segurar, já que não tinha lugar. Eu estava do seu lado e ainda falei que era um absurdo isso, pois as pessoas sequer se mexiam para lhe ceder o lugar.

Hoje, pela manhã, no 376, este mesmo senhor pegou o ônibus, ficando mais uma vez no mesmo lugar. Nem os bancos preferenciais nem a solidariedade fizeram com que ele pudesse viajar sentado. E vale destacar que ficamos uma hora e meia no trânsito e tinham mais dois idosos em pé.

Essas cenas são comuns, já vi também grávidas viajarem em pé. Vocês da empresa podem se perguntar o que vocês podem fazer quando o ser humano não tem mais respeito ao próximo. Contudo, motorista e trocador sabem que há bancos preferenciais ´(poucos, inclusive, porque agora muitos carros nem tem mais esses bancos antes da roleta) para estas pessoas e nada falam para que esse direito seja resguardado. E nem podem dar a desculpa que não viram isso acontecer, já que o senhor viajou próximo a roleta.

Os funcionários da Rubanil devem ser treinados para este tipo de situação e gentilmente devem garantir esse direito aos que precisam viajar sentados. A humanidade porde até estar perdida, mas, as empresas de ônibus ganham o direito de prestar um serviço público e devem manter, àqueles que o utilizam, o direito de viajarem como se deve.

Pagamos um valor alto pela passagem, não recebemos um serviço de acordo com que pagamos, as tarifas só aumentam, com a desculpa de dar gratuidade aos idosos e alunos de escolas públicas. E, na prática, os motoristas não gostam de parar para estas pessoas que "não pagarão" a passagem ou não fazem com que seus direitos sejam respeitados.

Sei que isso acontece em todas as empresas de ônibus, porém, posso apenas falar da Rubanil, porque sou usuária diariamente dos serviços prestados por esta empresa. Todos iremos chegar na terceira idade, espera-se. E, ao menos que tenhamos muita condição financeira, precisaremos usar o transporte público. Alguns ainda tem a arrogância de falar: mas o que esse velho vai fazer na rua? Ficasse em casa! Só que não quero nem vou engrossar esse coro, com tal pensamento e atitude, por isso, envio este e-mail e peço mais respeito ao cidadão que utiliza o meio de transporte público, seja ele de que idade for, pagante ou não pagante.

Att

Juliana"

5 de nov. de 2009

Transporte coletivo é coletivo


Antes de começar o meu desabafo, queria agradecer aos que leem o blog, acompanham meus raros posts, MAS NÃO SE MANIFESTAM. Tudo bem, a gente vai se aproximando timidamente, é normal em todo início de relacionamento. Quando vocês ficarem sem vergonha, colocarão suas opiniões. Só não demorem, não dá pra ficar nessa seca.

O interessante é que descobri meus caros leitores por causa do último post, com o qual fui chamada de feminista, pelos leitores, e ouvi um "adorei" das leitoras. Quem entendeu o que eu quis dizer, ótimo. Quem não entendeu, venho até falar nesse post sobre amor, para tirar a má impressão que causei com o "Vamos à luta companheira".

Ando pensando na falta de amor entre as pessoas, nas diversas situações que nos encontramos no dia a dia. As situações simples, mas que expressam grandiosamente a falta de amor que assola a humanidade. Por exemplo, em transportes coletivos. Como o nome diz, é COLETIVO, logo amigo, você não estará só, nem adianta fazer cara feia, ocupar o corredor todo, porque o coleguinha que está do lado de fora precisa entrar, pois ele também quer ir para a sua casinha, depois de um dia de trabalho cansativo.

E aí falo das mulheres. Nesta última terça-feira peguei o metrô destinado a elas. Lá estava eu, num calor infernal, tentando entrar, ainda na Cinelândia, em um vagão já cheio. E lá já estavam elas, aquelas que não queriam que entrássemos e aquelas que queriam sair. De repente, grita uma delas: "peraí, peraí, deixa eu sair primeiro, eu quero sair". Na Carioca, meu Deus, o que estava ruim piorou. Aquelas que já estavam quando cheguei não queriam ir apertadas, às 18h, no metrô. Que falta de amor gente; no lado esquerdo buracos, havia ar, coisa rara. No lado direito, as outras querendo entrar, com toda força, com toda vontade, e eu, com meu meio metro naquele meio. Mas até aí, era o purgatório.

Chegando ao inferno, o Estácio. Aquela estação tenebrosa, na qual amigos sabem que fui massacrada e cheguei com cabelo todo despenteado no trabalho uma vez. Nessa altura não queria mais ir no vagão especial, as moças de lá são más. Estávamos todos juntos, pertinhos, colantes, naquele calor. Parou o primeiro carro. Vazio, que felicidade. Claro, ele não ia andar, estavam apagadas as luzes e seria muita alegria pra linha 2 ter um carro vazio daquele jeito. Mais 15 minutos e chega o outro, cheio. Entram primeiro, do outro lado, as crianças, os idosos, as grávidas. Abrem as portas do meu lado e "peraí, peraí"... Nem tinha mais lugar pra sentar, porque tanta grosseria? Lá estava eu, meio metro, perto da porta, pensando nessa falta de amor ao próximo e gente, não dá, eu sou pequena. O rapaz da minha frente não parava de se mexer e eu pude contar os pêlos de suas axilas. Ah, tenha dó, tenho certeza que o inferno é assim e Satanás ainda fala no alto falante ironicamente: "Não encostem nas portas e nem sentem no chão para sua segurança". Sentar no chão? Se você conseguir colocar os dois pés no chão, pode se sentir num taxi. Ah, quero brincar mais disso não!

4 de set. de 2009

Vamos à luta companheira!

Quanto tempo não passo por aqui. Estava num "retiro" para refletir sobre este post que tenho em mente há uns dois meses (desculpa boa para não dizer que fiquei sem tempo e, quando tinha,esquecia de vir por aqui).

Bom, queria partilhar o que tenho pensado em relação às mulheres com perfil semelhante ao meu. Somos da geração da independência feminina, nos formamos, temos nosso dinheiro, somos decididas, porém, continuamos submissas aos nossos medos.

Tenho, frequentemente, ouvido histórias de mulheres interessantes( divertidas, inteligentes, independentes financeiramente e tudo mais que faz uma mulher interessante) que estão se submetendo,em seus relacionamentos amorosos, a situações que as magoam, porque tem medo de ficarem sozinhas. Afinal,passados os vinte anos, com tão pouco homem "no mercado" , fica-se com aquele que não a satisfaz,que não a merece, que "está fora da validade",mas se fica, porque terminar para recomeçar as "buscas" é tão perigoso quanto se permitir tanta diminuição da auto-estima.

Passei a ter um lema na minha vida, ou melhor, dois: " se sofro com ele, por causa dele, e sofro sem ele,porque estou só, prefiro o segundo" e " não me contentarei com menos do que mereço". Mulheres, não podemos ser amantes dos nossos próprios namorados, que só ficam conosco quando sobra um tempinho da agenda deles lotada de prioridades que não somos nós. Não podemos permitir que, com isso, nos sintamos menores do que somos e,por isso, achemos que merecemos menos do que mereçamos.

Não existem homens perfeitos, como também não existem mulheres perfeitas. Nós não encontraremos príncipes, mas devemos buscar quem nos faça bem, até para que o façamos bem também. E quem não sequestre nossa identidade, nos fazendo comprar a ideia que tem de nós e não aquilo que somos.

A vida é isso companheira,vai à luta! "Saber amar é deixar alguém te amar..."

29 de jun. de 2009

The End

Ao contrário do que o título deste post pode sugerir, eu não pretendo falar sobre o falecimento do Rei do Pop Michael Jackson, apesar do fato ser realmente a última grande notícia do momento (e que, no que depender dos jornais e revistas especializados em fofocas ou não... a melodia ainda há de durar outros 50 anos).
Estou aqui para falar do fim da Copa das Confederações.

Como todos já devem saber, o Brasil sagrou-se mais uma vez campeão da Copa, que não proporcionou muitas emoções nem jogos dignos de aplausos, mas boas partidas e lances que vão ser lembrados... até a próxima semana.

Um dos jogos mais interessantes certamente foi entre Espanha e África do Sul. Dava gosto de ver os sul-africanos jogando com amor e com garra. Pena a Espanha ter se saído melhor... Enfim, o futebol foi bonito mas não ganhou o terceiro lugar.

Das cornetas, ninguém sentirá falta.

Mas de uma coisa... ah, disto todos não poderão mais esquecer. As entrevistas, em inglês, do nosso brasileiríssimo “Jo-hel” Santana. A primeira vez que eu vi e ouvi, mal pude acreditar... Nas outras vezes, a minha única reação foi chorar de tanto rir.

“Jo-hel” mostrou toda a sua desenvoltura ao conceder as diversas entrevistas para a imprensa internacional que cobria o evento. As partes mais engraçadas ficavam, além do estilo inigualável da pronúncia, na suave mistura de português com inglês, quase imperceptível não?

Depois de apreciar toda a verborragia,
in english, pude me dar conta de uma coisa: valeu a pena ter gastado anos no cursinho, mas é fato que eu preciso praticar. Quem sabe, assim que puder, não começo um curso de conversação com o teacher “Jo-hel”...

12 de jun. de 2009

Garapa ou cola, dá no mesmo


















Gosto do cinema brasileiro, não nego, não escondo e vou assistir. Em função disso, fui ver Garapa, claro! Lamentavelmente saiu de cartaz, mas José Padilha, neste filme, manteve a sensibilidade com que olha para as realidades veladas do nosso Brasil. Realidades que gritam, mas que o poder público finge não ouvir.

Já esperava sair reflexiva da sala de cinema. Já sabia que teria assunto para partilhar com vocês, aqui no blog. Apesar de gostar de cinema, não entendo muito, porém, acho que posso falar de uma estética interessante que José Padilha usou colocando o filme em preto e branco e buscando não interferir na realidade que queria mostrar. Contudo, achei que o filme em preto e branco não mostrou alguns detalhes que seriam importantes. Por exemplo, havia muitas moscas em uma criança e, quando a câmera chegou bem perto, parecia que a perninha do bebê estava com feridas, por isso, tantas moscas. Outro detalhe que não aparece é a cor da Garapa, certamente mostraria o quão rala é a única opção que aquelas crianças tem para se alimentar.

No entanto,outros detalhes também importantes estão martelando na minha cabeça. Não paro de ouvir a voz de uma das crianças falando: "mãe, me dá a garapinha". Gente, ele pedia como se fosse o achocolatado que, os que podem tomar, tomam. E como se fosse a refeição dos intervalos e não a refeição ÚNICA e principal deles.

Saí do cinema, numa sala em Botafogo (aliás, o único lugar em esses tipos de filme são exibidos), olhei para o Rio de Janeiro e me lembrei das crianças que temos aqui. Lembrei-me das que ficam embaixo dos viadutos, as que andam por aí nas nossas ruas, as que tomam um outro tipo de garapa, aquela que vicia, que deixa doidão, mas faz matar a fome, passar o frio e esquecer que são o incomodo dos nossos olhos, diante da beleza de nossa cidade: a cola.

Saio do cinema e me pergunto: qual é a diferença? Qual é a diferença entre as crianças do nordeste e as crianças que aqui vejo? Miséria é miséria, fome é fome, aqui, no nordeste, na África!

E a tristeza que me toma é a mesma. E graças a Deus que ainda me toma a tristeza, pois, o dia que eu nada sentir é porque também me corrompi e coloquei esse problema à margem das minhas possibilidades de fazer algo e na indiferença para os meus sentimentos.

18 de mai. de 2009

Tá sem emprego?? Eu também.

Continuando a discussão do post anterior, quando me formei e também levei um "pé-na-bunda" do estágio, me falavam: "Não se preocupe, depois de formado é normal se levar até um ano para se conseguir um emprego."

Tudo bem, esse prazo já expirou e vivo atualmente meses de agonia. Durante um surto nas últimas semanas, questionei o porquê da dificuldade de se conseguir um emprego. A sociedade investe em milhares de estudantes durante quatro anos (a média da maioria dos cursos universitários públicos) para formar um profissional e não usufruir desse investimento? Na realidade, é isso que acontece, todos investimos e esses novos profissionais não conseguem dar retorno à sociedade.

Tenho várias teorias que poderiam responder à essa questão. Vamos a algumas delas:

1) Não interessa o investimento em educação. Sim, para os governantes parece que a educação nunca interessa e nunca está definida como prioridade. É fácil perceber isso quando ouvimos e lemos a todo instante nos jornais que faltam professores nas escolas públicas, os salários são baixos, as instalações das escolas são precárias etc. Outro fator é as autoridades não terão retorno naquele mandato. É impossível, cronologicamente falando, que investimento na educação básica seja perceptível no mandato desse ou daquele político, mesmo com reeleição. Assim, é mais difícil para as pessoas que não têm condições de pagar um colégio particular ingressarem em universidades públicas, garantindo grande parte das vagas ao filhos da elite econômica, que, por terem dinheiro e muito QI, não terão dificuldade na hora de arranjar um emprego. Ou talvez nem se importem, já que têm mesadas e não precisam se sustentar;

2) As pessoas não se aposentam mais no meio jornalístico (e em alguns outros também, afinal, quem sobrevive com apenas a aposentadoria do INSS?). Então, é bem provável que novas vagas só surjam com o decorrer das mortes dos coleguinhas.

3) Faltam vagas e os cortes nas redações só tendem a aumentar, apesar do trabalho dos jornalistas ter multiplicado: impresso, internet, notícias por SMS, rádio, vídeo. Temos de ser capazes de nos virar e saber fazer de tudo um pouco – e bem. Então, se um empresário pode pagar apenas um funcionário para fazer isso tudo, por que contratar mais gente. Sem falar que atualmente há uma tendência a contratos temporários, ou seja, os empregadores "se livram" de diversos impostos e obrigações.

4) No caso do jornalismo, muitas vezes o povo tem feito o papel de pauteiro, repórter, fotógrafo e redator, o conhecido "eu-repórter", conexão leitor, leitor repórter ou qualquer outro nome que tenha o cidadão que escreve ou alimenta os jornais impressos, on-line, de rádio etc. Mais uma vez fica a pergunta: por que contratar novos jornalistas se é possível usar essa fonte de notícias?

Isso tudo somado à crise econômica, à informatização, à aparente falta de comprometimento com a população significa que não, não é tão fácil assim conseguir um emprego depois de formado. E eu que achava o vestibular concorrido...

15 de mai. de 2009

Uma esmola pelo amor de Deus. Meu! Por caridade

Imagina você, na sua trajetória de vida, seja ela grande ou pequena, dependendo da sua idade, ter se dedicado, sonhado, lutado até que chegou na universidade. Vale destacar: sem ajuda alguma do governo. O mérito é seu, todo seu, apesar dos altos impostos pagos que não são revertidos para o benefício do povo.

Imagina, agora, que você cursou a faculdade numa das universidades com maior prestígio no país. Mas, vale destacar novamente: sem ajuda do governo. Lá, você correu atrás do material necessário e que não tinha na faculdade; assistiu aula em locais terrivelmente abandonados e sujos; usou o banheiro mais nojento que o de um botECO (eu e meus trocadilhos infames, desde o tempo da ECO); teve aulas com professores que mais pareciam personagens do filme Sexto Sentido; no entanto, conseguiu aprender alguma coisa com professores que, de fato, entendiam o valor do ensino e se dedicaram a ele. E, durante a sua jornada acadêmica, fez um estágio que, sem pena nenhuma, quando você se formou, te disse: "faz parte da vida. Boa sorte!".

Imaginou? Se imaginou também " a ver navios", cantando " eta vida de cão"?
É, a massa dos desempregados do Brasil se encontra, hoje, composta por aqueles que, desde criança, ouviam falar que eram o futuro do país. E, na faculdade, a elite pensante. E eis que a pessoa que vos fala engrossa essa massa há quase dois anos, sem ter imaginado que, saindo daquele lindo campus da Praia Vermelha, estaria próximo de entrar na portinha do lado: a do Pinel!

Sem querer pensar em uma teoria da conspiração de que tudo dá errado, principalmente para aqueles que vem de baixo, está difícil não achar que, em determinadas profissões, há uma ferrenha manutenção do status quo. Para empresas privadas, o QI; para os concursos, os cursos caros. Para quem não tem um nem outro, um blog para desabafar com um sentimento de quem pede uma esmola pra este país que não gera empregos, que não investe em educação e que deixa, aqueles que conseguiram terminar um ensino superior, na rua da amargura (lembrei da minha mãe agora com essa frase! Coitadinha, ela ainda acredita que as coisas irão mudar...).

21 de abr. de 2009

Saga da Previdência

Nos últimos 2 meses eu tenho estado afastada do meu trabalho por conta de uma fratura muito indesejada, o que me fez ter de procurar um simpático posto de atendimento da Previdência Social.

O que eu não esperava era que isto virasse uma saga, quase Senhor dos Anéis.
A primeira coisa que te falam é que, pra marcar a sua primeira perícia médica você deve ligar para o serviço de atendimento 135 no 16° dia de afastamento (os 15 primeiros são de responsabilidade da sua empresa). Ao ligar, tive o desprazer de falar com um atendente que mal sabia onde a minha belíssima cidade ficava, já que ele não conseguiu achar esta opção. Acabei optando por uma opção mais "em conta". Claro, como tudo anda muito rápido no serviço público, só fui agendada para um mês depois.

Depois de tanta espera, eis que vou à perícia que acabou não acontecendo por motivos obscuros: "Vou remarcar você porque a médica não pode atender" e ponto final... Claro, eis que a minha revolta surge e desaba no sentimento extremo de inutilidade. Remarcaram-me para um mês depois, fazendo as contas, dois meses depois do meu acidente.

Enfim, na sexta-feira dia 17/04 eu consegui! Fui atendida numa perícia que não durou nem 10 minutos. Mas o que fica pra mim é a sensação de pequenez perante algo que você ajuda a pagar mas não pode contar quando mais precisa.

É, isto é o Brasil e este é um dos seus serviços...

7 de abr. de 2009

Crise? Que crise...

Venho por meio deste post, cumprir a difícil tarefa de falar sobre a minha profissão. Primeiramente, parabéns aos meus caros colegas de ofício, que trilham o caminho do jornalismo; parabéns aos meu caros colegas que, apesar de formados, com registro no Ministério do Trabalho, não conseguiram efetivamente exercer essa profissão (vou precisar dar uma parada agora, estou indo as lágrimas...).

A verdade é o seguinte: nós jornalistas estamos assistindo uma dilaceração do nosso ofício. Hoje, gostosonas ocuparam o nosso lugar , apresentam programas, fazem matérias e, com a discussão da não necessidade de diploma de jornalismo, poderão até se intitular "jornalistas". Tudo bem, não há impedimento nenhum em ser gostosa e ser jornalista também, mas, mesmo que a prática seja importante, aprendemos coisas na faculdade que fazem o diferencial na maneira como conduziremos as entrevistas e preparamos as matérias. Vide o papo de cumadre que rola em tantas entrevistas importantes (até hoje não descem as entrevistas que a antiga moça do tempo realiza na "sua" revista semanal).

Isso é um ponto. O outro ponto a ser lembrado é que as redações estão cada vez menores e os poucos que conseguem salvar o emprego estão sendo cada vez mais explorados. Como, na era da informação, somos tratados com tamanho desrespeito? (volto as lágrimas...estou apelando como nos programas "jornalísticos" do horário da tarde, escracha!!!)

Justamente por haver tantas novas formas de informação, novos canais, a lógica seria a contratação de mais pessoas. Mas não, o capitalismo rege os conglomerados jornalísticos (jornal impresso,
on-line, tevê, rádio, blogs, twitter, notícias via celular) que levam em consideração o lucro da empresa. A informação, como é transmitida, apurada, redigida, é só um detalhe.

Atualmente, nos sites de jornais, há uma seção especial para os leitores-repórteres. Sim, se a redação não dá conta, vamos deixar os leitores participarem (ajudarem, bem da verdade, a fazer a notícia). A partir daí podem até surgir novas reportagens, dependendo do assunto, mas, se não "render caldo", o site foi alimentado, novas informações foram publicadas, novos acessos foram gerados e,
voilá, lucro garantido!

Enquanto isso nossos governantes garantem que o Brasil tem um aumento considerável de empregos/mês e que o pior da crise no Brasil já passou. Crise? Que crise...


Juliana e Priscila

Por gentileza, obrigada!



Cada um no seu quadrado, como fala a famosa música. Esse deveria ser o curso normal da história, no que diz respeito à educação. Os pais ficam com a responsabilidade da educação que vem de casa, aquela primária, sabem? Na minha época, e olha que nem foi há tanto tempo, quando eu ganhava alguma coisa,mamãe dizia: "Como se fala minha filha?"; era tão lógico o respeito aos meus pais e consequentemente aos mais velhos que, quando eu sacudia as pernas de pirraça, mamãe só olhava; quando eu fazia algo errado, papai só olhava. Não fiquei traumatizada, não quis cortar os pulsos e nem me enfiei nas drogas. Com tudo isso, restava, pra escola, a educação formal, regular, o "beabá" mesmo.

Mas o que temos hoje? Uma psicologia e pedagogia sempre a favor das crianças, mesmo quando essas estão erradas. Nada se pode falar pro filho e nada se pode fazer com o aluno. O ensino vai mal, eu sei, há vários mecanismos ruins que não estão ligados à educação que o indivíduo traz de casa, é certo. Porém, qual o profissional que não se corrompe e se entrega ao desânimo diante do cenário que se instaurou nas escolas?

Falo das públicas e das prarticulares também. Vários colegas que acreditavam na educação como a base de tudo, se entregaram, por amor, ao magistério, e, com menos de um mês de trabalho, dando aula pra essa geração aprendiz de terrorista, já entraram em desespero.

Não tem sido raro ouvir dos professores que crianças da quinta série se agridem fisicamente, por causa de um lápis. E é um tal de "vai tomar naquele lugar" para lá, "vai se f..." para cá, além de chutes e pontapés nos professores. O melhor, pasmem, nada pode ser feito da parte dos nossos mestres! Eles não podem colocar pra fora de sala, não podem suspender, não podem deixar de castigo, além da hora, não podem nenhum mecanismo de punição, NENHUM!!!

Há hoje um amparo ao desrespeito, à falta de educação, à violência e um desamparo aos nossos professores, a fim de que a mínima ordem seja reestabelecida e as salas de aulas voltem a ser um local de aprendizado e troca.

Lembrei de uma coisa que uma colega de trabalho me contou e até me deu vontade de rir. A troca entre professores e alunos tem sido de outro jeito. Essa colega disse que xingou esses dias alguém do seu convívio e, quando se deu conta, disse: "Estou me tornando um monstro!". Ou seja, o meio está influenciando tanto a pobre coitada que ela está adquirindo os hábitos dos seu educados alunos.

Nem entrarei no mérito deles chegarem na quinta série, alguns com 17 anos, e não saberem ler ainda...Prefiro nem falar disso, porque me dá um embrulho no estômago tal situação.

Como mamãe me ensinou, dá licença, por favor, por hoje é só e muito obrigada pela atenção até o final do texto. Ah, volte sempre!

24 de mar. de 2009

Sim, vivemos em uma guerra semivelada

Todos os jornais noticiaram: "Pânico na zona sul do Rio". E eu estava lá, em uma das ruas do Humaitá onde ocorreram detenções de bandidos e onde, hoje, foi localizada uma granada, que por sorte não deflagrou! Fiquei imaginando se ela explode. Qual seria o estrago, visto que passavam crianças acompanhadas de adultos, que as traziam da escola. Qual o poder de destruição de um artefato desses?

Caramba, ontem ficou
punk a situação na zona sul. Pela manhã, muitos tiros que pareciam estar do nosso lado (e realmente estavam), porque o barulho era muito alto. Gritaria na rua e, quando vejo, bandidos armados estavam saindo do matagal, descendo a ladeira! No caminho abordaram uma van, mas não fiquei à janela pra ver o que ocorreria depois.


Daqui a pouco, vários carros de polícia subiram e ficaram na frente do prédio, os policiais entraram no matagal lá perto e começaram a vistoriar prédios vizinhos. Muita tensão!


Vi o momento em que equipes de reportagem chegavam e o bandido foi preso no jardim de um prédio. Quando deviam haver uns 40 ou 50 homens na rua, fardados e à paisana, aproveitei a situação de "calma" e saí de lá.

Realmente, está muito perigoso viver aqui, apesar de todas as maravilhas que a cidade oferece, nessas horas a gente percebe que vive em uma guerra urbana velada. Ninguém assume, mas é isso o que acontece, uma guerra com períodos de trégua.

Jornalistas hoje questionavam a autoridades policiais por que não houve prevenção, para impedir a invasão da Ladeira dos Tabajaras e evitar esse confronto. Tudo bem, o serviço de inteligência pode ter falhado, mas porque não se pergunta por que esses traficantes fazem tanta questão de continuar pela zona sul?? Será porque a resposta poderia desagradar à classe média-alta desses bairros, que paga valores exorbitantes de IPTU e tem carros de luxo e muitas vezes parece esquecer que dinheiro fácil na mão dos filhos pode ser perigoso? A questão é que a zona sul concentra a maior clientela de drogas que esses traficantes vendem.

É complicado resolver essa situação, mas enquanto houver usuário de drogas, o tráfico continuará atuando nas comunidades carentes e nós vivendo períodos de confrontos e tréguas. O que se espera é que essa guerra tenha um fim. E de preferência, feliz.

14 de mar. de 2009

(Des)educando


Fiquei impressionada ao ver uma cena ontem, de dentro do ônibus: uma mãe atravessava a rua com seu filho, voltando da escola e, a mãe fala alguma coisa pra ele e infica uma lixeira. O menino, então, joga algo no lixo. Pensei, "Que bom, será um cidadão educado, que não vai jogar coisas na rua".

Mas, logo depois, o menino se aproxima de uma árvore, e começa a fazer xixi. A mãe aguarda a criança para continuar o trajeto pra casa. E isso tudo a menos de 5 metros da entrada de um restaurante!! Fiquei abismada! Por que essa mãe não levou o filho para usar o banheiro do restaurante? O que custava a ela?

Então, conclui o pensamento, "é, educando e deseducando ao mesmo tempo... Será que ela gostaria de o muro da casa ou do prédio dela estivesse fedendo a urina, quando ela saísse pela manhã? Será que ela gostaria que a mãe dela fosse obrigar a desviar porque há homens fazem xixi no meio do caminho da senhorinha?"

Alguém pode pensar "mas é só uma criança...", só que é desde pequenos que eles devem aprender a ser educados, a ter bons modos e a ser cidadãos.


Além do mais, qual é o problema dos homens? Se uma mulher (com um mínimo de educação) está com muito vontade de ir ao banheiro, ela se segura até encontrar um. Os homens, não, encostam em qualquer muro ou poste e urinam ali mesmo. Por que não esperam até encontrar um banheiro? "Ah, mas homem não consegue se segurar", poderiam responder. Aí eu questiono novamente: se fosse por esse motivo, eles urinariam em qualquer lugar e eu nunca vi nenhum homem fazendo xixi em ônibus preso em engarrafamento, em fila de espera em banco, ou qualquer outro local em que fosse preciso esperar.
O que lhes falta é educação mesmo. Só espero que aquele menino não se transforme em mais um mijão pela cidade.

5 de mar. de 2009

27 minutos

É... foram 27 minutos de Ronaldo Nazário no jogo de ontem do Coringa contra o Itum... qualquer coisa... Mas quem se importou com o resultado? O único número que a nação do "clube-agremiação" é o 27. Que foi 2 x 0 isto é extremamente irrelevante...

Ontem, mesmo querendo jogar todo o olho gordo pro jogo do Flamengo, foi irresistível não querer ver o grande "Felômeno" chutar a bola em um jogo válido depois de tanto tempo. Claro, ver mesmo eu não vi porque dormi... mas pude ver a urubuzada dos meus colegas de comunicação (sim, los jornalistas) em cima do pobre coitado. O ex-integrante do Fat Family estava quase que desaparecendo no meio de tantos repórteres...

Mas a dúvida que não quer calar é a seguinte: Ronaldo vai jogar no clááááássico contra o Parmeiras? Ele vai fazer muitos gols? E a maior delas: será que ele vai pra noitada na sexta?

Quem viver, verá....

4 de mar. de 2009

"Quem assina o xeque?"

Vou te contar-te ném, eu queria entender o que acontece com as pessoa do nosso país. Tem gente aí rindo da Lady Kate, mas a situação do nosso português está crítica. E não é por causa do novo acordo ortográfico!

Nada melhor do que um bate papo no msn pra gente ver como o povo está escrevendo mal. Engraçado como fica mais gritante e somos mais preconceituosos quando ouvimos as pessoas errarem a pronúncia das palavras, as concordâncias verbais e nominais e as conjugações de verbo. Porém, o que tem "gritado", ou melhor, "saltado" aos meus olhos é quando recebo um e-mail ou estou num bate papo com alguém graduado e eis que surge, no meio do texto, um "agente vai sair hoje?" ou " estou anciosa, mais não liguei pra ele, por que não posso ficar com baixa estima, preciso ter altoestima...".

Não sou a mestra em português, estou longe disso, longe mesmo. Vivo perguntando se escrevi certo e, inclusive este texto, sempre é relido por nossa jornalista formada também em Letras. Mas, sem a letra i, a questão que levanto é a seguinte: por que estamos escrevendo tão mal, mesmo depois de cursar uma faculdade?

Se falo dos meus alunos, tenho a resposta: não leem, abreviam tudo quando escrevem na internet e os ensinos fundamental e médio do Brasil estão ruins. Contudo, se falo de pessoas que já cursaram uma faculdade e, suponho eu que, neste percurso, tenham lido alguns textos, por que, ainda assim, estamos escrevendo tão mal? (mal com L = contrário de bem e mau com U = contrário de bom, a saber!)

Fico até com receio, ao escrever esse texto, de parecer preconceituosa (ah está na moda falar que tudo é preconceito), no entanto, de verdade, é uma preocupação com a formação acadêmica do país. Como posso me conformar com a ideia de que a elite pensante do Brasil (porque poucos têm ensino superior completo) está com uma produação de texto desse nível?

Tenho pensado nisso há um tempo e a mesma questão permanece: por que estamos escrevendo tão mal?

Será que mesmo depois de se cursar uma faculdade a gente continua paganu o preço das deficiências escolares que tivemos? Como diz um amigo meu: deve ser problema nos primeiros segmentos!

Mas fala pra ele quem assina o xeque, porque eu também tô paganu...

1 de jan. de 2009

Novo ano

Mais um ano se inicia, com as esperanças renovadas, muitas resoluções tomadas e vontade de mudar.

Em muitos municípios brasileiros
novos prefeitos assumem seus cargos, com promessas a serem cumpridas e muito trabalho pela frente. No Rio, a era Cesar termina e tem início ao mandato de Eduardo Paes. Um político verborrágico, que, quando fala, dá a impressão de que as coisas vão melhorar, mudar mesmo. A questão é: começar trocando a "cor" da cidade de laranja para azul é uma prioridade?? Os gastos para trocas de uniformes, símbolos da prefeitura espalhados pela cidade e com comunicação são necessários neste momento.

Precisamos de alguém que veja os problemas da cidade e defina as prioridades da melhor forma possível. Entramos no verão, as chuvas e o calor estão aí e podemos ter outra epidemia de dengue. Todos devemos ter cuidados, é claro, mas o governo municipal deve também fazer a parte dele.

Assim como repavimentar algumas ruas da cidade, que são somente buracos. Não há veículo que resista a tanto impacto.

Bom, são tantos problemas que é melhor não começar a listá-los, apesar das listas serem famosas em fim de ano. Temos é que torcer e acreditar que a situação vai mudar. Pra melhor.