13 de nov. de 2011

Eu com João Ubaldo Ribeiro em Berlim



Se os escritores bons (sim, um julgamento meu e meu direito a ter gostos meus) exercem um poder sobre mim, os livros que eles escrevem mais ainda. Não sei você, mas quando leio um livro, minha vida gira em torno dele. "Que horas vou conseguir pegá-lo de novo para continuar?Ah, pronto, um cantinho no metrô, vou parar aqui e continuar". E a relação fica tão intensa que, ao perceber que as páginas estão acabando, ao mesmo tempo que quero lê-las, não quero,porque sei que ficarei no vazio, com as realidades do dia a dia e sozinha, sem ele, o livro. Claro que até encontrar outra história, sou volúvel nesse sentido.



Terça passada decidi ir para Alemanha, mais especificamente para Berlim, com João Ubaldo Ribeiro. Fui na livraria e comprei a minha passagem ,pena que não carimbei ainda meu passaporte,não precisei, entrei livremente no mundo alemão, sem me preocupar com que preposição e se teria de usar Dativo ou Acusativo.



Não sei o que fez eu me encantar por este mundo das letras, mas é certo que sem ele o lugar mais longe que eu teria ido seria São Paulo;uma vez de avião,porque uma seleção de emprego bancou tudo e outra de ônibus, num passeio cultural do curso que dou aula ( e de redação,porque se fosse de outra disciplina não seria escolhida tão facilmente. As letras me dão muitas coisas, menos dinheiro,mas me dão muitas coisas).



Na Alemanha, João foi um ótimo guia, me fez rir desde o início com o Tartamudo do Kurfürstdamm e suas dúvidas com as declinações e colocações verbais.Depois, vieram o humor simples e inteligente e as ironias sobre a nossa cultura e a dos alemães. As diferenças entre nossas visões sobre o dinheiro, as impressões sobre a sexualidade de ambos os povos,a organização e, o que mais me impressionou, a capacidade do autor de enxergar as diferenças junto com sua sensibilidade para se relacionar com o povo e com o lugar onde morou por 15 meses. O autor de Viva o povo brasileiro quer voltar para sua terra, porém, quer manter vínculos com o local que o acolheu e que ele acolheu também como lar neste intercâmbio.



E, com gentileza, ele me levou a Aracaju ;tive inveja da sua infância. O vício pela leitura de autores clássicos da alta cultura até clássicos de jornaleiros deve ter sido a fórmula que deu nisto: o jornalista escritor ou escritor jornalista.



Mas, o que importa é que sentirei sua falta e de Berlim também.Acreditei até que é possível aprender alemão com minha incapacidade para línguas estrangeiras e viver de escrever. Acredito,porque posso acreditar no que eu quiser quando leio e, por isso, leio.Obrigada e falarei e pensarei em você, Um Brasileiro em Berlim, até meu próximo romance com outro livro.

2 de ago. de 2011

Especial para R.D.S.

A
R.D.S.

Todo começo tem um fim
Todo esforço gera uma recompensa
Dedicação, suor e lágrimas
fazem parte da vida
de quem luta para viver,
luta para sobreviver.

Para alguns é tão fácil
Do berço trazem muitas possibilidades
Outros – a maioria – contam apenas consigo próprios
para modificar suas vidas.

Alguns não enxergam que, as pedras no caminho, são apenas sombras
Para outras, mais pesadas, talvez seja necessário ajuda
Mas não é impossível transpor todas,
atravessar o caminho.

Os resultados são reflexos de ações passadas.
Dizem que toda ação gera uma reação.
Pois bem...

Pense nas suas ações de hoje.
Pense mais ainda nas não ações,
Na inércia que impede mudanças.

Aja. Dedique-se. Sue. Chore.
A recompensa virá.
Ninguém nunca disse que seria fácil.
Porém, não é impossível.

Ao adormecer – 1º ago 2011

29 de mai. de 2011

O que motiva as tuas escolhas?



A intenção do blog não é transformá-lo na nossa autobiografia.Mas,peço licença as minhas colegas, para falar de mim e,assim, chegar ao ponto que desejo.

Estou vivendo um novo,diante das escolhas que precisei fazer em relação a minha profissão.Retorno aos bancos universitários, virei caloura de novo e confesso:o ambiente acadêmico me seduz. A diversidade da Universidade Estadual também.Quantas cores,quantas classes,quase um sonho da democratização do ensino superior,mesmo sabendo que tanta diversidade se restringe a alguns cursos,os não considerados de elite.

Para alguns, depois de três anos formada em Jornalismo pela UFRJ, ir para Letras é uma surpresa."Mas, e tua profissão? Você quer dar aulas? ", perguntas como essas não faltaram, junto com a cara de horror por descer na escala do status social. Afinal, que você seja médico, advogado, engenheiro, jornalista, porém, professor? Ah, isso não!

Contudo, há algo além de status que move as minhas escolhas.É aquilo que dá brilho nos olhos,a sensação de estar sendo útil,o coração acalentado e lágrimas quando o camarada chega para mim e fala: "professora,passei no vestibular!".E esse camarada a que me refiro,muitas vezes, lutou contra todas as adversidades de uma casa pequena,de uma renda mínima, de faltas de sonhos e de uma família que lhe dizia: "estudar para quê?Pobre tem é que trabalhar!"

Aí, dando um giro de 180°,vejo-me na UPA, que de pronto atendimento tem nada, sendo atendida por uma moça que mal me olha e nem me examina. "Doutora,estou com febre alta há dias e sinto dores nas costas,na costela e na cabeça".Um exame de sangue e dipirona para passar tudo isso.

Saí de lá me perguntando o porquê dessa moça ter escolhido ser médica. E não venha a classe me dizer que é o excesso de trabalho,porque isso eu também tenho e ainda os trago para casa. Eu ganho menos,por mês, do que aquela moça ganha por um plantão na UPA.Eu dou aula,eu ouço desabafos dos alunos, eu rio com eles e me emociono com suas conquistas,eu os motivo e as pessoas se espantam com a escolha que hoje faço.E eu me pergunto: o que fez aquela moça escolher ser médica?

Porque o que me faz querer dar aulas e, na mais pura utopia dos meus vinte e poucos anos, plantar sonhos, é acreditar na vida.E ela que é médica,será que se esqueceu do que é vida?Será que se perdeu no brilho de ser chamada de doutora e de ser vista como a inteligente porque estudou mais de sete anos?

Pobrezinha, entende o corpo humano,mas não o ser humano.Ao mesmo tempo que é a elite da sociedade,parece fazer questão de ser a escória da humanidade, se juntando a um monte deles que ainda entenderam nada da vida.

3 de abr. de 2011

Carnaval o ano inteiro?


Para muitos brasileiros esta resposta é afirmativa. Sim, o carnaval dura o ano inteiro. Mas não é aquele carnaval da folia, das escolas de sambas e dos blocos de rua. Uso a palavra carnaval em sentido de diversão, alegria. Ok, mas ainda não estou entendendo o motivo do post, podem se perguntar alguns. Explico-me, então.

Sou mais uma das cidadãs que diariamente usa o transporte público. No Rio de Janeiro existem muitas falhas na malha rodoviária, o trânsito começa a ficar insuportável como em São Paulo e, para não perder tempo, utilizo o metrô com certa frequência. Eu e mais 600 mil pessoas diariamente. No horário do rush, de manhã e à noite, somos obrigados a andar esmagados nos vagões do metrô, porque o serviço não acompanhou os números de crescimento da cidade. Feito sardinhas em lata, viajam todos os dias trabalhadores, estudantes, crianças, idosos, enfim, todos os tipos de uma sociedade. Só que, para alguns, essa viagem - mais especificamente na hora de entrar e de sair do vagão - é uma espécie de carnaval diário. Elas gritam, riem, empurram, riem um pouco mais, e acham normal empurrar outros seres humanos para entrar no trem, ou para sair dele antes das portas se fecharem.

Essa expressão "carnaval diário" foi dita por outra usuária do metrô, que estava no mesmo vagão que eu na última sexta feira, no rush noturno. Na chegada à estação Central do Brasil, as pessoas saiam se batendo e gargalhando. Comentei em voz alta como era impressionante as pessoas rirem de uma situação como essa, como se fosse tudo muito normal. A senhora justificou: "esse é o carnaval diário delas". Demos início a uma conversa até a estação terminal, na qual ela e eu concordamos que é preciso reclamar, que isso não é nada normal.

Nós precisamos sim reclamar dos maus serviços, porque pagamos caro por eles (no último sábado a tarifa do metrô do Rio tornou-se a mais cara do país, a R$3,10), pagamos impostos em todos os produtos e serviços que consumimos, taxas essas que deveriam ser revertidas em infraestrutura para que a viagem casa-trabalho trabalho-casa não fosse um transtorno para a maioria dos trabalhadores todos os dias.

Mas porque essas pessoas não reclamam? Porque lhes falta a consciência de que a reclamação é importante e que sim, pode fazer diferença. Todos nós temos o poder nas mãos, o poder de mudar, de sermos efetivamente cidadãos, basta termos consciência disso. Cidadania não é só votar. Viver não é só trabalhar, voltar para casa, assistir novela, BBB e dormir feliz ou contente porque seu time ganhou ou perdeu.

Para mim, carnaval é apenas uma vez ao ano (aquele, do outro post desse blog). Por isso continuo relcamando sim, converso com os outros sobre a possibilidade de transformação que depende de cada um de nós, tento melhorar não só para mim, mas para o coletivo. Vivemos em sociedade, não é mesmo? Então, que tal comerçarmos a unir nossas forças para fazer valer essa vida? Sem apertos nem empurrões, claro.

27 de mar. de 2011

Rock in Rio 2011: no Rio

Estou participando de alguns fóruns de discussão sobre o glorioso evento que voltou para sua cidade natal, o Rio de Janeiro. Muito se tem falado sobre as atrações, ingressos, sonhos do Medina e lá vai fumaça. Mas será que o Rio terá a mesma aura maravilhosa de suas outras edições? Shows marcantes, nem tanto... muitas das bandas já se apresentaram na terrinha e fizeram show inesquecíveis. Afinal, foi realmente inesquecível ter 1 show cancelado por causa da chuva e esperar mais de 3h no dia mesmo por conta dos caprichos do Axl... Agora, sobre as atrações... ah, as atrações... Apesar do título, a organização ainda teima em ter atrações estranhas completando um menu ainda mais esquisito. Porque não consigo imaginar que seja uma ótima combinação o Elton John com a Claudia Leitte. Nada contra, mas nesse dia ficarei em casa tomando um choppinho... Apesar dos pesares, vou rever o Guns, ver o RHCP e, principalmente, ver o Metallica, que soube por amigos que fizeram um show memorável em SP. Agora, pena que os ingressos estão absurdamente caros e, ao contrário das outras edições, estou sendo completamente contra show em plena sexta-feira. Se a organização vai valer a pena, isso é uma cena para os próximos capítulos, mas a esperança é que seja, de cara, melhor que o SWU. Estrutura tem, o dinheiro, isso já é outra história... O que nos resta é esperar que o Rock in Rio 2011 seja tão bom quanto a nossa expectativa. Ou melhor. Agora, vale a pena colocar no contrato do Guns um pedido singelo deles não se atrasarem mais que 1h...

4 de mar. de 2011

É carnaval!

Oficialmente, começa hoje o carnaval no Rio de Janeiro, segundo a prefeitura, o "maior carnaval do mundo". A cidade está em ritmo de festa, inúmeros turistas chegam em cruzeiros, em aviões e de ônibus. Pelo centro da cidade, peles brancas demais denunciam: turistas estrangeiros. Pelos sotaques carregados nos "és" e "ós" abertos, nos "ins", nos "l" reproduzidos no som de "l" e não no arquifonema "U", identificamos turistas das mais diferentes partes do país. E a cidade fica ainda mais colorida, apesar dos últimos dias nublados.

O carnaval de rua ganha força e haja fôlego e pernas para acompanhar os blocos que desfilarão - ou ficarão parados, mesmo, no estilo concentra, mas não sai. Os convênios com empresas públicas ajudam a efeitar a cidade, a disponibilizar mais banheiros públicos, a organizar os ambulantes, mas ainda falta muita educação e consciência por parte dos foliões. No pré-carnaval, diversas pessoas ficaram detidas por urinar na rua e muitos carros acabaram rebocados por desrespeitarem a sinalização. Foliões, vamos fazer um carnaval  de rua com muita alegria e sem dor de cabeça. Respeitem as leis e brinquem sem brigas. A cidade agradece.




3 de fev. de 2011

Vendo texto, quer comprar?


Estava aqui pensando no que fazer para ter algum dinheiro em março, já que é o mês da seca, nada de grana entra, mas as contas continuam (estou falando para ver se alguém tem pena).

Minha mãe até falou que eu devia me inscrever pro Big Brother. Agora você vê, o que eu faria lá? Sou menina e pretendo ficar assim, sem abrir exceções, mesmo em tempos de escassez ou desilusões amorosas; não bebo até cair; não dou selinhos por aí e nem sou do tipo que fica amiga para sempre com quem acabei de conhecer.

Enquanto escrevo, continuo pensando em uma solução.Ah, poderia vender textos, o que acham?

Posso fazer cerimoniais de 15 anos, casamento e até velório;posso também te fazer poesias e as vendo por um precinho camarada, quer? Faço perfis de orkut ou facebook; faço torpedos para encantar a pessoa amada; escrevo e falo telemensagens. E aí, vai querer?

Só não sei ir pro BBB, nem gosto de aparecer, muito menos em TV. Sinto arrepios ao lembrar das aulas de telejornalismo na faculdade, aquela câmera apontada para mim; como ficar, falar , parar, olhar e ainda decorar o texto? Eu só sei escrever moço, é isso que eu sei e gosto, desde criancinha!

Já sei, vou entregar aqueles bilhetinhos em ônibus, com textos de minha autoria e perguntar quem pode doar qualquer centavo, só para ajudar a pagar as contas e mudar o rumo da minha vida. Quem sabe se com dinheiro ganho eu consiga uma plástica, dou um tapa no visu e me inscrevo no BBB 2012 - isso se o mundo não acabar!

25 de jan. de 2011

Tudo vai ficar bem



Voltei e mais rápido do que das outras vezes!


Não quero parecer pessimista e, por isso, vim desfazer a imagem que pode ter ficado com meus outros posts.Espero que eu consiga...


Para variar, gosto de partilhar algumas coisas que me acontecem e me levam a refletir. Vou explicar desde o início.Quer dizer, não tão início porque é uma história que começou há dez anos!


Meu pai tem um câncer, chamado mieloma múltiplo, que ataca a medula óssea e luta contra ele esse tempo que mencionei acima. Dentre recaídas e reerguidas, sobra ele - um verdadeiro herói que nem está no BBB.


Diante de mais uma recaída, uma anemia severa e todas as complicações relacionadas ao caso, ficamos vinte horas no hospital, em Araruama, para ele receber duas bolsas de hemácias concentradas. Ontem, voltamos ao hospital que ele se trata -HUPE - e,depois de muita espera normal para hospital público e para sua doença também, ele ficou internado.


E o que há de otimista nisso? Tudo!


Há cinco dias sem poder deitar, em função da falta de ar, meu pai passou mais um dia sentado numa cadeira de hospital.Cada um que se aproximava e perguntava como ele estava (ele já é conhecido lá, afinal, são 10 anos de tratamento), ele explicava tudo que tinha acontecido.Para cada um que ligava, ele falava confiante de que tudo ia ficar bem.


Ali, vi um homem - num geral impaciente - ser realmente um paciente ; vi uma mulher - minha mãe - ser verdadeiramente esposa,companheira e amiga; vi uma filha que conseguiu superar o cansaço e um amor que eu mesma nem sabia que era capaz de cuidar e falar com médicos, como se ele fosse o meu filho.Vi amigos e parentes, verdadeiros irmãos, ligando a todo tempo oferecendo ajuda e vi médicos e enfermeiros que pouco vejo em outros lugares, atenciosos e preocupados. Vi pessoas consolando outras, acompanhando seus familiares e me falando que tudo ia ficar bem.Vi amor num ambiente tão adverso!


Sai do hospital com a certeza de que Deus estava no controle e que meu pai estava seguro ali; sai com uma vontade de falar e falei o quanto eu o amo, na certeza de que o amor é o remédio mais capaz de transformar todos os males.E acho que saio uma pessoa melhor a cada dificuldade que tenho enfrentado!


Vendo pessoas e conversando com amigos que também tem problemas, vejo que todos nós, sem exceção, passamos por dificuldades. Tenho aprendido a não menosprezar os problemas dos outros, porque sofrimento é sofrimento, não importa o grau; e tenho aprendido que a grande diferença é como lidamos com tudo que passamos e ainda temos que passar na vida. Só quem sofre sabe valorizar a dor do outro, ouvir e dar a mão quando necessário; saber lidar com seus problemas e sofrimentos é aprender a ser humano e humanizar tudo o que realiza ao longo do dia, desde um olhar até as tarefas mais burocráticas.


E só me resta dizer que tudo ficará bem e pra você também...