30 de ago. de 2008

Boliche, tênis, boxe, golf... em casa

As palavras "vídeo-game" e "sedentarismo" não podem mais ser combinadas em uma mesma frase quando falamos do Nintendo Wii. Vídeo-game que simula os movimentos dos jogadores, ele não deixa você nem seu oponente ficarem parados: é preciso se mexer para ganhar uma partida de tênis ou beisebol virtual.

E pra quem não gosta de esportes tão movimentados, existe a versão fit, quando é possível, por exemplo, praticar ioga ou treinar o equilíbrio corporal sobre uma balança sensível aos movimentos que o jogador faz.

No Rio de Janeiro, já existem professores de ginástica adotando o game como aliado nas aulas de exercícios aeróbicos. Afinal, existe jeito mais prático do que lutar boxe sem ficar machucado? E quando digo machucado que fique claro que por meio de soco ou uma bolada, por exemplo, porque você acaba ficando com dores! A não ser que já pratique o esporte e tenha condicionamento físico para isto. Caso nunca tenha lutado ou jogado golf ou boliche, vale a dica: alongue-se antes e depois do jogo virtual. Acredite, valerá a pena!

Os nostálgicos não precisam se desanimar, porque o vídeo-game tem jogos clássicos também como Mário Bros, corridas de carros e o melhor de tudo: o jogador não precisa decorar sequências de botões, basta se movimentar. E se o jogador cansar, a máxima "vai pescar!" encaixa-se muito bem. Sim, pescaria é um dos inúmeros jogos oferecidos. Definitivamente, ficar parado é coisa do século passado.

27 de ago. de 2008

Coroa de oliveira

As Olimpíadas acabaram e os olhares para China diminuem. A imprensa mundial se retirou e ficam alguns correspondentes, pelo lado oriental , falando apenas sobre o crescimento econômico deste grande emergente.

Tudo bem que questões do comunismo ditatorial são deixadas de lado, a não ser quando este impossibilita alguma abertura econômica. No entanto, pouco se fala da obrigatoriedade do baixo número de filhos e de famílias que não registram as crianças não primogênitas (lá só se pode ter UM filho por casal); não se fala da impossibilidade de expressar sua crença (só agora com a questão do Tibet, mas há tempos cristãos são perseguidos); pouco se fala da exploração de mão de obra e do que é feito com as crianças para que elas alcancem resultados como aqueles visto nos Jogos Olímpicos.

Pelo menos tivemos a oportunidade de conhecer um pouco da realidade desse povo tão rico culturalmente, mesmo em meio às adversidades, ainda que somente neste período de "união mundial". Opa, falando assim a China me lembrou um país conhecido da gente. Cultura rica, direitos cerceados, trabalho escravo, filhos sendo descartados... É isso mesmo, é a terra do futebol! Está bem, mais ou menos terra do futebol (o feminino ainda nos salva, pelo menos).

Embora conheça da China o que foi passado neste curto período e um pouquinho mais, através de algumas aulas de geografia ou curiosidades repentinas, poderia fazer render um texto inteiro sobre esse país. Mas, volto a falar de Brasil e suas semelhanças com a China.

Quando falamos de ditadura, respiramos aliviados, afinal, estamos em 2008 e não mais em 1964. Ah que bom seria se assim fosse. De Brasil posso falar com mais propriedade de Rio de Janeiro, aqui vivemos num país democrático e não seria diferente na nossa cidade. Temos liberdade de expressão, podemos escolher nossos representantes, temos direito de ir e vir, de usar a roupa que quisermos etc etc etc. Temos mesmo?

Engraçado, enquanto ia escrevendo isso, ia me lembrando de um monte de exemplos que contradizem o que acabei de afirmar. Mais exemplos até dos que me motivaram a escrever este texto. Não seria tão incoerente morando tão perto de favelas (tudo bem, quem hoje, no Rio, não mora perto de favelas?) e me relacionando com moradores das mesmas (amigos, pessoas no trabalho e tudo mais). Há pouco tempo uma comunidade aqui foi invadida e, como os moradores locais já sabem, hora para voltar, hora para sair, ora se pode voltar (muitos dormem nas casas de amigos, porque não podem retornar para as suas) e obrigatoriamente se tem que sair, afinal, precisa-se trabalhar. Nestes dias tumultuados, um amigo de lá me disse: fui trabalhar às sete da manhã, em meio ao tiroteio. Olha que tem quem reclame que sai para trabalhar em meio a chuva...

Outro me disse: "Ih, se a favela for tomada, novas leis imperarão por lá". Leis essas que são cumpridas de maneira exemplar, lá não existe essa história de que brasileiros transgridem as leis, não há essa cultura de "será que essa lei pega?", ali as leis foram feitas para serem cumpridas, obedecidas e punidos os que não as obedecem. E olha que ninguém se dar o trabalho de escrevê-las em milhões de códigos civis e penais, o código utilizado é a fala mesmo,o antigo e eficiente método "boca à boca". Democracia?

Além disso, esses exemplos de democracia me fizeram lembrar um acontecimento recente, do qual saiu muita lama com cimento. E que Deus provindencie as mudanças a partir do social que a imprensa fez por lá. Primeiro, os que mais precisavam dar exemplos de cumpridores da lei se renderam às leis não descritas em código nenhum. E, com as cabeças acimentadas, brincaram de entregar humanos à facção rival. Depois disso, que foi só a ponta do "iceberg da obra", vieram à tona as ações coronelistas para a escolha dos candidatos à cargos eleitorais, deste ano de 2008. Democracia?

Liberdade de roupa e de imprensa, nem se fala. Lembram da cor de roupa a ser usada no início do piscinão de Ramos? E dos "Tins Lopes" que existem? Democracia?

E, para encerrar as comparações com o país campeão olímpico, termino com o treino das crianças. Na China, os pais deixam os filhos, desde pequenos, em concentrações esportivas. Estes têm treinos duríssimos, nos quais ,quando há erros, os pequenos são castigados e as crianças são treinadas para a perfeição. Aqui, os pais são obrigados a deixar seus filhos em concentrações que mais parecem campos de guerra, em escolas que não têm aulas e nas ruas que têm muita coisa para ensinar. Nelas, eles aprendem a manusear armas, a ser malandros, a se comunicarem, a ser aviões e até "foguetes". Conhecem as leis locais como ninguém e sabem bem qual será o pódio. A diferença é que a medalha tem calibre e a coroa não é de oliveira, mas de flores, se assim o dinheiro dos pais permitir. E quanto a glória, essa será a de Deus! É, democracia?

20 de ago. de 2008

China - uma nação de inspiração olímpica

A China cumpriu o que prometeu: até agora está à frente dos Estados Unidos no quadro de medalhas. Isso aconteceu porque houve grande incentivo do governo nos esportes individuais, grandes investimentos no potencial dos atletas. O resultado está lá! Enquanto isso, o Brasil amarga o 41º lugar na classificação geral, atrás de nações sem tradição espotiva, como Azerbaijão.

Ouvimos a todo momento na televisão os locutores e comentaristas afirmarem que as medalhas de bronze ou a simples classificação dos atletas para as finais são feitos históricos. O mérito, no entanto, é apenas dos esportistas. Em um país em que educação, cultura e esportes são itens supérfluos, de segunda importância, conseguir competir em uma final olímpica já é um grande feito! Várias modalidades têm grandes patrocinadores, sim, mas, geralmente, são esportes coletivos. Em certos esportes individuais é difícil encontrar um atleta que se dedique somente ao esporte, porque simplesmente não há interesse do governo em investir.

Claro que o governo chinês quer mais do que mostrar a supremacia esportiva de seu povo, diante de países desenvolvidos. Eles querem afirmar que estão crescendo como país, por isso querem ser os primeiros no quadro de medalhas, querem ser vistos como o país que melhor organizou a competição até hoje, enfim, querem ser grandes.

O Brasil, com dimensões territoriais tão significativa, enviou a maior delegação de atletas até hoje para uma olimpíada, mas os resultados são o reflexo da falta de esforço dos governantes em melhorar a questão esportiva do país. Porque os atletas — em grande maioria, à exceção de alguns jogadores de futebol
, esses sim, estão fazendo sua parte, treinando, dedicando-se ao que fazem de melhor e ao que gostam de fazer.

Nosso país deve se inspirar na China como investidor de um futuro, afinal, gente com tão pouca oportunidade na vida vê no esporte uma possibilidade de vencer. A educação é essencial, junto com o esporte, para que a sociedade brasileira possa desenhar um outro rumo. Não digo que haja investimento apenas para ganhar competições, até porque nem a China está fazendo só isso. Afinal, se for pra competir só pra ganhar, não são necessárias as medalhas. Como diria Quincas Borba, "Ao vencedor, as batatas".

3 de ago. de 2008

Reforma agrária da cultura

Ir ao teatro no Rio de Janeiro pode significar duas coisas: ou se tem dinheiro ou se tem tempo. Explico, primeiro, pelo mais simples. Ter dinheiro é um requisito básico, afinal, as entradas não custam nada barato. Justo, pelo trabalho de dezenas de pessoas entre atores, produtores, figurinistas, diretores, o aluguel do teatro, enfim... eles precisam receber. No entanto, digo ter dinheiro também no sentido de "morar bem" (leia-se zona sul da cidade). Grande parte dos palcos estão localizados na área "nobre", então, as pessoas que habitam nestes locais são privilegiadas. Desde, claro, que tenham dinheiro para as entradas.

Aí, reside a outra questão. Como os teatros ficam concentrados em uma parte da cidade, as pessoas que moram em outras áreas têm que se deslocar para assistir às peças. Neste momento, começa a maratona de muita gente, como a minha.

Decidida a assistir uma peça na penúltima semana em cartaz, saí às 19h de casa, rumo à Gávea. Passados 1 hora e 10 minutos entre ônibus-metrô-ônibus, cheguei à fila da bilheteria. Mais 40 minutos aguardando minha vez (pois havia apenas uma pessoa para atender), consegui comprar minha meia-entrada. Na volta pra casa, mais 1h hora e 20 minutos entre ônibus-metrô-ônibus. Somando tudo, inclusive o período da apresentação teatral, posso dizer que levei 5 horas e meia para me dedicar à cultura. Isso é facilitar o acesso às pessoas?

Isso me fez refletir sobre o pedido
do diretor Murilo Salles (do recente Nome próprio), sobre a presença do público no fim de semana de estréia de um fiilme. Como propagar o cinema nacional se o filme estreou em apenas três salas?? E todas na zona sul da cidade. Quer dizer que quem mora em outras áreas não tem direito a assisti-lo, ou deve dar um jeito para vê-lo?

Brasil, um país de todos (e cultura só para alguns).