23 de out. de 2008

Bate, porque vagabundo tem que apanhar!

"Muitos me chamam pivete, mas poucos me deram um apoio moral
se eu pudesse eu não seria um problema social"


Protelei, mas vim! Escrevo apenas sobre coisas tristes, estou me sentindo naqueles programas da tarde, durante a semana, que só falam de tragédias. Ah, falando nisso, poderia falar do caso da Eloá, da ação da polícia, quem estava certo ou errado (a imprensa adora emitir esses julgamentos, condenar e emitir sentenças como se fosse o juiz do "reino de deus"). Porém, vou falar de outra violência. Novidade, não é?

Então, dias desses, e isso não passou na televisão, estava na rua São José, no centro do Rio, por volta das 15h, vi guardas municipais um pouco furiosos e camelôs correndo. Uma cena típica, nas ruas do centro, e que até vimos esses dias nos jornais, quando falaram sobre pirataria na Uruguaiana. Mas, talvez, o que não vira notícia de jornal é a violência das autoridades e uma estranha política de segurança pública adotada desde os tempos da ditadura de 1964. Quando passei num ponto da rua São José, havia uma multidão, em volta de um ônibus da guarda municipal, e dentro dele um rapaz apanhando dos guardas. O que ele fez? Era o que eu me perguntava.

Algumas pessoas falavam que vagabundo tem que apanhar mesmo, outras diziam que o rapaz está sempre ali e nada tinha feito. Parei e fiquei como todos olhando, sem saber o que eu poderia fazer. Gente, independente do que ela tenha feito, é assim que devem agir os responsáveis de assegurar a ordem?

O sociólogo Michel Misse, da UFRJ, em um de seus artigos, fala que, dentre vários países analisados, o bandido do Brasil é o único que não se rende. Se ele se rende, ele morre, se ele não se rende, tem duas chances: matar ou morrer. Não estou em defesa de uma parte ou de outra, estou em defesa de uma política de segurança que, de fato, seja segura. Naquela hora pensei: a violência nunca vai acabar aqui no Rio. Que política é essa em que a violência é o ponto principal? O rapaz apanhou dos guardas, nós apanhamos dos rapazes, os rapazes matam policiais, policiais matam rapazes, é um ciclo.

Uma vez perguntei a um policial por que isso. Ele disse que faz assim porque os "vagabundos" fazem assim com eles. E que os "vagabundos" chamam policiais de "vermes", marcam a cara e depois podem matá-los, quando soltos.

E o que o rapaz fez para estar apanhando no ônibus da guarda municipal? Nada que ele tenha feito justifica esse tipo de atitude da parte de quem representa o estado. Bater, matar, não resolve o problema, caso o rapaz tenha roubado. Essa política de desvalorização do ser humano, que impera no nosso país, faz dele um dos países com maior índice de crimes COM VIOLÊNCIA.

Fiquei indignada com o que vi, teria muito mais para escrever, me exaltar, gritar de raiva por tanta coisa errada que anda acontecendo. Mas, por enquanto, vou tentando não me conformar (tomar a mesma forma) da maioria da sociedade que tem esse pensamento e ficou do lado de fora do ônibus falando: bate, bate mesmo, porque vagabundo tem que apanhar!

8 de out. de 2008

Dia das crianças em ano eleitoral

Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
(Casimiro de Abreu, Meus oito anos.)

Ah, que saudade, do tempo em que não tinha preocupações a não ser estudar, brincar, assistir aos Trapalhões nos domingos... Mas não, atualmente minhas preocupações são outras, minha responsabilidades e prioridades são a da vida adulta e uma delas é a dúvida: em quem votar para governar minha cidade?

No dia das crianças em ano eleitoral, lendo a cobertura das eleições e a opinião de Úrsula Brando, arte-educadora, vem-me o seguinte questionamento: estamos mesmo cuidando do futuro da nossa cidade? Estão os candidatos a prefeito apostando em dar condições de uma vida mais tranquila para esses pequenos? E o investimento em educação, cultura e esporte?

O que se vê nas entrevistas são as propostas para a saúde, trânsito, combate à violência, e, por último, o investimento no futuro da cidade, ou seja, essas crianças que hoje se divertem (ou não) com brinquedos novos (ou usados por outras crianças, mas novos para quem os ganha). E as alianças entre outros candidatos e partidos, quem apoia quem,

Hoje à noite haverá debate e, ao assiti-lo, espero poder delimitar melhor quem é quem, de verdade, nesta corrida eleitoral, quais são as reais prioridades dos candidatos e escolher o melhor para todos, crianças e adultos.


3 de out. de 2008

É Fantástico!


Não sei muito como começar este artigo, pois os outros postados estão tão interessantes e lá vem eu falar de violência. No entanto, a primeira violência a ser destacada é a que os meios de comunicação têm feito. Assuntos abordados de maneira superficial, aspectos importantes de alguma matéria que são deixados de lado por jornalistas, uma enxurrada de metalinguagem com jornais que deixam espaço para falar sobre novelas que estreiarão, um jornalismo a serviço de qualquer coisa menos da utilidade pública.

Dias desses a nossa revista semanal "fantástica" entrevistou a "queridinha" dos EUA, Reese Whiterspoon, que estava aqui no Brasil para fazer uma campanha contra a violência doméstica. Imagino eu que o índice de violência contra mulher no nosso país seja alto, já que uma atriz americana se "despencou para cá", a fim de participar dessa importante campanha (imagino eu, porque os dados ainda são desencontrados, é difícil achar informações precisas sobre esse tipo de violência que acontece, muitas vezes, na casa do nosso vizinho e a gente nem percebe).

Há, ainda, na humanidade, homens que batem nas suas esposas, que as agridem verbal e fisicamente. Talvez, para aquelas que não entendem tal situação, seja fácil falar: "por que as vítimas continuam com seus homens agressivos?". Uma conversa rápida com elas pode dar essa resposta. Na maioria das vezes, esse homens fazem com que suas esposas cortem relações com familiares e amigos, tornando-as dependentes afetivamente, além de financeiramente. Depois de tantas humilhações, conseguem fazer com que suas esposas se sintam as piores mulheres do mundo, a ponto de acharem que somente esses homens irão querê-las, logo, resta a elas suportar essa companhia, antes com eles do que só. Bom, isso é o que eles fazem elas pensarem.

E, como falei, no Brasil, essa prática persiste, há homens que pensam que é assim que devem tratar suas mulheres. Muitos deles são também frutos de pais que tratavam suas mães assim, é um ciclo, no qual se torna natural tratar mulheres com agressividade. Porém, questões como estas passaram desapercebidas na "poesia" de nossa antiga garota do tempo, quando entrevistou a atriz Reese Whiterspoon, que falou o motivo da visita ao Brasil (a campanha contra a violência doméstica) e que me fez pensar: " ah agora a apresentadora vai perguntar por que ela escolheu o Brasil? Como é a campanha? Na opinião dela, por que isso acontece e qual a melhor maneira de sanar esse problema? etc etc etc). Mas não, simplesmente a jornalista se voltou para a entrevista e continuou seu papo de cumadre, perguntando sobre filhos, carreira, filmes. É Fantástico!