24 de set. de 2008

Ensaio sobre a cegueira e pessoas-abacaxis



Bom, o post inicialmemte seria somente sobre o filme
Ensaio sobre a cegueira, baseado no livro homônimo de José Saramago. Mas, antes, vou aproveitar o post anterior sobre pessoas-abacaxis, para fazer um desabafo: porque raios as pessoas conversam e comem pipoca com a maldita boca aberta dentro do cinema??

Afinal, a idéia é assistir ao filme ou ficar comentando cenas ou distrair-se com a comida durante a exibição? Isso sem falar que aqueles sacos de pipoca fazem um barulho danado (é, não basta o indivíduo comer e todos verem e ouvirem o que se passa dentro da boca dele). Essas pessoas deveriam receber uma carimbada-abacaxi no meio da testa, como disse Isis Maria no comentário. Que inconvenientes!

Mas voltemos ao filme. Depois de ler o livro e as boas críticas sobre a adaptação de Fernando Meirelles, inclusive em entrevista do próprio Saramago, fui ao cinema. Fora os contratempos, posso dizer que o filme é bom. Sim, bom. Isso porque depois de ler uma obra, quando se assiste à tranposição daquela história para a linguagem cinematográfica, sempre fica faltando alguma coisa.

Clar
o que ninguém assistiria a um filme com cinco horas de duração, mas acho que a "essência" (acho que posso classificar assim) dos personagens se perde um pouco, primeiro, porque não é mais necessária a figura de um narrador, uma vez que a descrição dos locais e gestos pode ser vista pelo cenário e ações dos personagens, outra porque os pensamentos deles, a intensidade dos sentimentos e questionamentos sobre dignidade, o que é ser humano, vale a pensa viver como vivemos atualmente, ficaram dispersos.

A intenção do diretor, de provocar o espectador, com a iluminação aberta e mistura das cenas com brancos totais ou parciais, com certeza atingiu o objetivo: é impossível ficar indiferente à tela em branco, à tentativa de enxergar a cena, quando a interposição é rápida, enfim, é um filme que vale à pena. Só não mais do que o livro.

18 de set. de 2008

E o troféu abacaxi vai para....

Até o dia 25, a prefeitura do Rio de Janeiro vai colar adesivos com os dizeres Eu sou um abacaxi para o trânsito da cidade nos carros que estiverem infringindo alguma lei de trânsito, como o estacionamento sobre calçadas, quando fecharem cruzamentos ou pararem sobre a faixa de pedestres.

A idéia é somente alertar, de forma bem-humorada, para os problemas que esses motoristas causam ao trânsito da cidade, já que não haverá qualquer tipo de punição.


A campanha é criativa, só resta as pessoas se conscientizarem que cada vez que fecham o cruzamento, param em fila dupla ou descumprem qualquer outra regra estão atrapalhando muitas pessoas e não tem o menor direito de reclamar dos "mautoristas". E que, finalmente cumpram o que aprenderam (ou deveriam ter aprendido) na auto-escola.

4 de set. de 2008

Investimentos (des)necessários?



I
magine a seguinte situação: você entra na faculdade pública, estuda durante quatro ou cinco anos, envolve-se com a vida acadêmica, decide continuar estudando e, enquanto faz mestrado e doutorado, pensa em um pós-doutorado, leciona para os alunos que estão onde você já esteve.

A carreira acadêmica é fascinante e você não se vê trabalhando ou fazendo outra coisa que não esteja relacionado a pesquisas e ensino. Pois bem, você está ajudando a formar cidadãos para ajudar os cidadãos que, bem ou mal, pagam seu salário. Durante anos você se dedica, aprofunda conhecimentos e percebe que não há investimento em seu trabalho: seu salário está congelado há mais de uma década, não existe um plano de carreiras, a situação estrutural da universidade é péssima e cada vez mais o governo corta as verbas destinadas a tudo isso.

Seria uma triste história se não fosse a real situação em que se encontram os professores (e demais servidores) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Uma das melhores faculdades do estado, com cursos disputadíssimos como o de direito, uma vanguardista em relação às cotas estudantis e que a cada ano recebe menos verba do governo.

Atualmente, o debate na universidade é sobre a possível greve. Assembléias e mais assembléias são promovidas com intervalos mais curtos, estudantes questionam professores sobre paralisações, como vão ficar as aulas; enfim, a "rádio-corredor" funciona a pique total, tentando manter-se atualizada.


Penso nos estudantes que tentam se formar e como serão prejudicados com mais alguns meses sem aulas. Mas penso também na vida desses servidores, principalmente os professores que recebem menos atenção e vêem a profissão se desvalorizar a passos largos. Como pode um governo (e aqui não apenas o atual, mas os anteriores também) podem não dar a menor importância à educação? Como querem promover as tais mudanças prometidas durante a época eleitoral se não valorizam um dos pilares essenciais para que efetivamente haja mudança?

Se mais uma greve vai resolver todos os problemas é difícil dizer, mas que esses profissionais, estudantes e a sociedade merecem respeito, ah, merecem sim.