25 de nov. de 2008

Thugudugudá, thugudugudá....

Ok, ok... não sei se é assim que se translitera a interjeição do mundo do funk presente em diversas músicas do gênero. O fato é que elas estão presentes e a gente acaba sabendo da existência dela e de inúmeras outras. Como?? Acredito que todo mundo já tenha passado pela situação abaixo.

Você está voltando (ou indo) para o trabalho (ou para a praia, visitar alguém), dentro do ônibus (ou do metrô, do trem, da van) e, daqui a pouco, uma criatura "saca" um celular do(a) bolso(a) — porque as muitas mulheres também realizam tal proeza — e liga o tocador de música ou o rádio. No alto-falante. Pra ele ou ela — e todas as pessoas ao redor — ouvirem. É a maldição
dos celulares com opção FM e tocador de MP3 com alto-falantes.

A praga se proliferou de tal forma que é impossível escapar! Onde quer que vc esteja, sempre haverá alguém com um aparelho desses. E pode ser que esse alguém resolva compartilhar seu gosto musical com os demais presentes no transporte coletivo. Só que esse gosto musical
geralmente não é o que agrada a todos. Mas todos são obrigados a ouvir.

Uma solução para isso? Acho que somente o famoso "semancol" para perceberem que atrapalham os demais passageiros. Aguém me diz onde posso comprá-lo pra distribuir a essas adoráveis criaturas?

23 de out. de 2008

Bate, porque vagabundo tem que apanhar!

"Muitos me chamam pivete, mas poucos me deram um apoio moral
se eu pudesse eu não seria um problema social"


Protelei, mas vim! Escrevo apenas sobre coisas tristes, estou me sentindo naqueles programas da tarde, durante a semana, que só falam de tragédias. Ah, falando nisso, poderia falar do caso da Eloá, da ação da polícia, quem estava certo ou errado (a imprensa adora emitir esses julgamentos, condenar e emitir sentenças como se fosse o juiz do "reino de deus"). Porém, vou falar de outra violência. Novidade, não é?

Então, dias desses, e isso não passou na televisão, estava na rua São José, no centro do Rio, por volta das 15h, vi guardas municipais um pouco furiosos e camelôs correndo. Uma cena típica, nas ruas do centro, e que até vimos esses dias nos jornais, quando falaram sobre pirataria na Uruguaiana. Mas, talvez, o que não vira notícia de jornal é a violência das autoridades e uma estranha política de segurança pública adotada desde os tempos da ditadura de 1964. Quando passei num ponto da rua São José, havia uma multidão, em volta de um ônibus da guarda municipal, e dentro dele um rapaz apanhando dos guardas. O que ele fez? Era o que eu me perguntava.

Algumas pessoas falavam que vagabundo tem que apanhar mesmo, outras diziam que o rapaz está sempre ali e nada tinha feito. Parei e fiquei como todos olhando, sem saber o que eu poderia fazer. Gente, independente do que ela tenha feito, é assim que devem agir os responsáveis de assegurar a ordem?

O sociólogo Michel Misse, da UFRJ, em um de seus artigos, fala que, dentre vários países analisados, o bandido do Brasil é o único que não se rende. Se ele se rende, ele morre, se ele não se rende, tem duas chances: matar ou morrer. Não estou em defesa de uma parte ou de outra, estou em defesa de uma política de segurança que, de fato, seja segura. Naquela hora pensei: a violência nunca vai acabar aqui no Rio. Que política é essa em que a violência é o ponto principal? O rapaz apanhou dos guardas, nós apanhamos dos rapazes, os rapazes matam policiais, policiais matam rapazes, é um ciclo.

Uma vez perguntei a um policial por que isso. Ele disse que faz assim porque os "vagabundos" fazem assim com eles. E que os "vagabundos" chamam policiais de "vermes", marcam a cara e depois podem matá-los, quando soltos.

E o que o rapaz fez para estar apanhando no ônibus da guarda municipal? Nada que ele tenha feito justifica esse tipo de atitude da parte de quem representa o estado. Bater, matar, não resolve o problema, caso o rapaz tenha roubado. Essa política de desvalorização do ser humano, que impera no nosso país, faz dele um dos países com maior índice de crimes COM VIOLÊNCIA.

Fiquei indignada com o que vi, teria muito mais para escrever, me exaltar, gritar de raiva por tanta coisa errada que anda acontecendo. Mas, por enquanto, vou tentando não me conformar (tomar a mesma forma) da maioria da sociedade que tem esse pensamento e ficou do lado de fora do ônibus falando: bate, bate mesmo, porque vagabundo tem que apanhar!

8 de out. de 2008

Dia das crianças em ano eleitoral

Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
(Casimiro de Abreu, Meus oito anos.)

Ah, que saudade, do tempo em que não tinha preocupações a não ser estudar, brincar, assistir aos Trapalhões nos domingos... Mas não, atualmente minhas preocupações são outras, minha responsabilidades e prioridades são a da vida adulta e uma delas é a dúvida: em quem votar para governar minha cidade?

No dia das crianças em ano eleitoral, lendo a cobertura das eleições e a opinião de Úrsula Brando, arte-educadora, vem-me o seguinte questionamento: estamos mesmo cuidando do futuro da nossa cidade? Estão os candidatos a prefeito apostando em dar condições de uma vida mais tranquila para esses pequenos? E o investimento em educação, cultura e esporte?

O que se vê nas entrevistas são as propostas para a saúde, trânsito, combate à violência, e, por último, o investimento no futuro da cidade, ou seja, essas crianças que hoje se divertem (ou não) com brinquedos novos (ou usados por outras crianças, mas novos para quem os ganha). E as alianças entre outros candidatos e partidos, quem apoia quem,

Hoje à noite haverá debate e, ao assiti-lo, espero poder delimitar melhor quem é quem, de verdade, nesta corrida eleitoral, quais são as reais prioridades dos candidatos e escolher o melhor para todos, crianças e adultos.


3 de out. de 2008

É Fantástico!


Não sei muito como começar este artigo, pois os outros postados estão tão interessantes e lá vem eu falar de violência. No entanto, a primeira violência a ser destacada é a que os meios de comunicação têm feito. Assuntos abordados de maneira superficial, aspectos importantes de alguma matéria que são deixados de lado por jornalistas, uma enxurrada de metalinguagem com jornais que deixam espaço para falar sobre novelas que estreiarão, um jornalismo a serviço de qualquer coisa menos da utilidade pública.

Dias desses a nossa revista semanal "fantástica" entrevistou a "queridinha" dos EUA, Reese Whiterspoon, que estava aqui no Brasil para fazer uma campanha contra a violência doméstica. Imagino eu que o índice de violência contra mulher no nosso país seja alto, já que uma atriz americana se "despencou para cá", a fim de participar dessa importante campanha (imagino eu, porque os dados ainda são desencontrados, é difícil achar informações precisas sobre esse tipo de violência que acontece, muitas vezes, na casa do nosso vizinho e a gente nem percebe).

Há, ainda, na humanidade, homens que batem nas suas esposas, que as agridem verbal e fisicamente. Talvez, para aquelas que não entendem tal situação, seja fácil falar: "por que as vítimas continuam com seus homens agressivos?". Uma conversa rápida com elas pode dar essa resposta. Na maioria das vezes, esse homens fazem com que suas esposas cortem relações com familiares e amigos, tornando-as dependentes afetivamente, além de financeiramente. Depois de tantas humilhações, conseguem fazer com que suas esposas se sintam as piores mulheres do mundo, a ponto de acharem que somente esses homens irão querê-las, logo, resta a elas suportar essa companhia, antes com eles do que só. Bom, isso é o que eles fazem elas pensarem.

E, como falei, no Brasil, essa prática persiste, há homens que pensam que é assim que devem tratar suas mulheres. Muitos deles são também frutos de pais que tratavam suas mães assim, é um ciclo, no qual se torna natural tratar mulheres com agressividade. Porém, questões como estas passaram desapercebidas na "poesia" de nossa antiga garota do tempo, quando entrevistou a atriz Reese Whiterspoon, que falou o motivo da visita ao Brasil (a campanha contra a violência doméstica) e que me fez pensar: " ah agora a apresentadora vai perguntar por que ela escolheu o Brasil? Como é a campanha? Na opinião dela, por que isso acontece e qual a melhor maneira de sanar esse problema? etc etc etc). Mas não, simplesmente a jornalista se voltou para a entrevista e continuou seu papo de cumadre, perguntando sobre filhos, carreira, filmes. É Fantástico!

24 de set. de 2008

Ensaio sobre a cegueira e pessoas-abacaxis



Bom, o post inicialmemte seria somente sobre o filme
Ensaio sobre a cegueira, baseado no livro homônimo de José Saramago. Mas, antes, vou aproveitar o post anterior sobre pessoas-abacaxis, para fazer um desabafo: porque raios as pessoas conversam e comem pipoca com a maldita boca aberta dentro do cinema??

Afinal, a idéia é assistir ao filme ou ficar comentando cenas ou distrair-se com a comida durante a exibição? Isso sem falar que aqueles sacos de pipoca fazem um barulho danado (é, não basta o indivíduo comer e todos verem e ouvirem o que se passa dentro da boca dele). Essas pessoas deveriam receber uma carimbada-abacaxi no meio da testa, como disse Isis Maria no comentário. Que inconvenientes!

Mas voltemos ao filme. Depois de ler o livro e as boas críticas sobre a adaptação de Fernando Meirelles, inclusive em entrevista do próprio Saramago, fui ao cinema. Fora os contratempos, posso dizer que o filme é bom. Sim, bom. Isso porque depois de ler uma obra, quando se assiste à tranposição daquela história para a linguagem cinematográfica, sempre fica faltando alguma coisa.

Clar
o que ninguém assistiria a um filme com cinco horas de duração, mas acho que a "essência" (acho que posso classificar assim) dos personagens se perde um pouco, primeiro, porque não é mais necessária a figura de um narrador, uma vez que a descrição dos locais e gestos pode ser vista pelo cenário e ações dos personagens, outra porque os pensamentos deles, a intensidade dos sentimentos e questionamentos sobre dignidade, o que é ser humano, vale a pensa viver como vivemos atualmente, ficaram dispersos.

A intenção do diretor, de provocar o espectador, com a iluminação aberta e mistura das cenas com brancos totais ou parciais, com certeza atingiu o objetivo: é impossível ficar indiferente à tela em branco, à tentativa de enxergar a cena, quando a interposição é rápida, enfim, é um filme que vale à pena. Só não mais do que o livro.

18 de set. de 2008

E o troféu abacaxi vai para....

Até o dia 25, a prefeitura do Rio de Janeiro vai colar adesivos com os dizeres Eu sou um abacaxi para o trânsito da cidade nos carros que estiverem infringindo alguma lei de trânsito, como o estacionamento sobre calçadas, quando fecharem cruzamentos ou pararem sobre a faixa de pedestres.

A idéia é somente alertar, de forma bem-humorada, para os problemas que esses motoristas causam ao trânsito da cidade, já que não haverá qualquer tipo de punição.


A campanha é criativa, só resta as pessoas se conscientizarem que cada vez que fecham o cruzamento, param em fila dupla ou descumprem qualquer outra regra estão atrapalhando muitas pessoas e não tem o menor direito de reclamar dos "mautoristas". E que, finalmente cumpram o que aprenderam (ou deveriam ter aprendido) na auto-escola.

4 de set. de 2008

Investimentos (des)necessários?



I
magine a seguinte situação: você entra na faculdade pública, estuda durante quatro ou cinco anos, envolve-se com a vida acadêmica, decide continuar estudando e, enquanto faz mestrado e doutorado, pensa em um pós-doutorado, leciona para os alunos que estão onde você já esteve.

A carreira acadêmica é fascinante e você não se vê trabalhando ou fazendo outra coisa que não esteja relacionado a pesquisas e ensino. Pois bem, você está ajudando a formar cidadãos para ajudar os cidadãos que, bem ou mal, pagam seu salário. Durante anos você se dedica, aprofunda conhecimentos e percebe que não há investimento em seu trabalho: seu salário está congelado há mais de uma década, não existe um plano de carreiras, a situação estrutural da universidade é péssima e cada vez mais o governo corta as verbas destinadas a tudo isso.

Seria uma triste história se não fosse a real situação em que se encontram os professores (e demais servidores) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Uma das melhores faculdades do estado, com cursos disputadíssimos como o de direito, uma vanguardista em relação às cotas estudantis e que a cada ano recebe menos verba do governo.

Atualmente, o debate na universidade é sobre a possível greve. Assembléias e mais assembléias são promovidas com intervalos mais curtos, estudantes questionam professores sobre paralisações, como vão ficar as aulas; enfim, a "rádio-corredor" funciona a pique total, tentando manter-se atualizada.


Penso nos estudantes que tentam se formar e como serão prejudicados com mais alguns meses sem aulas. Mas penso também na vida desses servidores, principalmente os professores que recebem menos atenção e vêem a profissão se desvalorizar a passos largos. Como pode um governo (e aqui não apenas o atual, mas os anteriores também) podem não dar a menor importância à educação? Como querem promover as tais mudanças prometidas durante a época eleitoral se não valorizam um dos pilares essenciais para que efetivamente haja mudança?

Se mais uma greve vai resolver todos os problemas é difícil dizer, mas que esses profissionais, estudantes e a sociedade merecem respeito, ah, merecem sim.

30 de ago. de 2008

Boliche, tênis, boxe, golf... em casa

As palavras "vídeo-game" e "sedentarismo" não podem mais ser combinadas em uma mesma frase quando falamos do Nintendo Wii. Vídeo-game que simula os movimentos dos jogadores, ele não deixa você nem seu oponente ficarem parados: é preciso se mexer para ganhar uma partida de tênis ou beisebol virtual.

E pra quem não gosta de esportes tão movimentados, existe a versão fit, quando é possível, por exemplo, praticar ioga ou treinar o equilíbrio corporal sobre uma balança sensível aos movimentos que o jogador faz.

No Rio de Janeiro, já existem professores de ginástica adotando o game como aliado nas aulas de exercícios aeróbicos. Afinal, existe jeito mais prático do que lutar boxe sem ficar machucado? E quando digo machucado que fique claro que por meio de soco ou uma bolada, por exemplo, porque você acaba ficando com dores! A não ser que já pratique o esporte e tenha condicionamento físico para isto. Caso nunca tenha lutado ou jogado golf ou boliche, vale a dica: alongue-se antes e depois do jogo virtual. Acredite, valerá a pena!

Os nostálgicos não precisam se desanimar, porque o vídeo-game tem jogos clássicos também como Mário Bros, corridas de carros e o melhor de tudo: o jogador não precisa decorar sequências de botões, basta se movimentar. E se o jogador cansar, a máxima "vai pescar!" encaixa-se muito bem. Sim, pescaria é um dos inúmeros jogos oferecidos. Definitivamente, ficar parado é coisa do século passado.

27 de ago. de 2008

Coroa de oliveira

As Olimpíadas acabaram e os olhares para China diminuem. A imprensa mundial se retirou e ficam alguns correspondentes, pelo lado oriental , falando apenas sobre o crescimento econômico deste grande emergente.

Tudo bem que questões do comunismo ditatorial são deixadas de lado, a não ser quando este impossibilita alguma abertura econômica. No entanto, pouco se fala da obrigatoriedade do baixo número de filhos e de famílias que não registram as crianças não primogênitas (lá só se pode ter UM filho por casal); não se fala da impossibilidade de expressar sua crença (só agora com a questão do Tibet, mas há tempos cristãos são perseguidos); pouco se fala da exploração de mão de obra e do que é feito com as crianças para que elas alcancem resultados como aqueles visto nos Jogos Olímpicos.

Pelo menos tivemos a oportunidade de conhecer um pouco da realidade desse povo tão rico culturalmente, mesmo em meio às adversidades, ainda que somente neste período de "união mundial". Opa, falando assim a China me lembrou um país conhecido da gente. Cultura rica, direitos cerceados, trabalho escravo, filhos sendo descartados... É isso mesmo, é a terra do futebol! Está bem, mais ou menos terra do futebol (o feminino ainda nos salva, pelo menos).

Embora conheça da China o que foi passado neste curto período e um pouquinho mais, através de algumas aulas de geografia ou curiosidades repentinas, poderia fazer render um texto inteiro sobre esse país. Mas, volto a falar de Brasil e suas semelhanças com a China.

Quando falamos de ditadura, respiramos aliviados, afinal, estamos em 2008 e não mais em 1964. Ah que bom seria se assim fosse. De Brasil posso falar com mais propriedade de Rio de Janeiro, aqui vivemos num país democrático e não seria diferente na nossa cidade. Temos liberdade de expressão, podemos escolher nossos representantes, temos direito de ir e vir, de usar a roupa que quisermos etc etc etc. Temos mesmo?

Engraçado, enquanto ia escrevendo isso, ia me lembrando de um monte de exemplos que contradizem o que acabei de afirmar. Mais exemplos até dos que me motivaram a escrever este texto. Não seria tão incoerente morando tão perto de favelas (tudo bem, quem hoje, no Rio, não mora perto de favelas?) e me relacionando com moradores das mesmas (amigos, pessoas no trabalho e tudo mais). Há pouco tempo uma comunidade aqui foi invadida e, como os moradores locais já sabem, hora para voltar, hora para sair, ora se pode voltar (muitos dormem nas casas de amigos, porque não podem retornar para as suas) e obrigatoriamente se tem que sair, afinal, precisa-se trabalhar. Nestes dias tumultuados, um amigo de lá me disse: fui trabalhar às sete da manhã, em meio ao tiroteio. Olha que tem quem reclame que sai para trabalhar em meio a chuva...

Outro me disse: "Ih, se a favela for tomada, novas leis imperarão por lá". Leis essas que são cumpridas de maneira exemplar, lá não existe essa história de que brasileiros transgridem as leis, não há essa cultura de "será que essa lei pega?", ali as leis foram feitas para serem cumpridas, obedecidas e punidos os que não as obedecem. E olha que ninguém se dar o trabalho de escrevê-las em milhões de códigos civis e penais, o código utilizado é a fala mesmo,o antigo e eficiente método "boca à boca". Democracia?

Além disso, esses exemplos de democracia me fizeram lembrar um acontecimento recente, do qual saiu muita lama com cimento. E que Deus provindencie as mudanças a partir do social que a imprensa fez por lá. Primeiro, os que mais precisavam dar exemplos de cumpridores da lei se renderam às leis não descritas em código nenhum. E, com as cabeças acimentadas, brincaram de entregar humanos à facção rival. Depois disso, que foi só a ponta do "iceberg da obra", vieram à tona as ações coronelistas para a escolha dos candidatos à cargos eleitorais, deste ano de 2008. Democracia?

Liberdade de roupa e de imprensa, nem se fala. Lembram da cor de roupa a ser usada no início do piscinão de Ramos? E dos "Tins Lopes" que existem? Democracia?

E, para encerrar as comparações com o país campeão olímpico, termino com o treino das crianças. Na China, os pais deixam os filhos, desde pequenos, em concentrações esportivas. Estes têm treinos duríssimos, nos quais ,quando há erros, os pequenos são castigados e as crianças são treinadas para a perfeição. Aqui, os pais são obrigados a deixar seus filhos em concentrações que mais parecem campos de guerra, em escolas que não têm aulas e nas ruas que têm muita coisa para ensinar. Nelas, eles aprendem a manusear armas, a ser malandros, a se comunicarem, a ser aviões e até "foguetes". Conhecem as leis locais como ninguém e sabem bem qual será o pódio. A diferença é que a medalha tem calibre e a coroa não é de oliveira, mas de flores, se assim o dinheiro dos pais permitir. E quanto a glória, essa será a de Deus! É, democracia?

20 de ago. de 2008

China - uma nação de inspiração olímpica

A China cumpriu o que prometeu: até agora está à frente dos Estados Unidos no quadro de medalhas. Isso aconteceu porque houve grande incentivo do governo nos esportes individuais, grandes investimentos no potencial dos atletas. O resultado está lá! Enquanto isso, o Brasil amarga o 41º lugar na classificação geral, atrás de nações sem tradição espotiva, como Azerbaijão.

Ouvimos a todo momento na televisão os locutores e comentaristas afirmarem que as medalhas de bronze ou a simples classificação dos atletas para as finais são feitos históricos. O mérito, no entanto, é apenas dos esportistas. Em um país em que educação, cultura e esportes são itens supérfluos, de segunda importância, conseguir competir em uma final olímpica já é um grande feito! Várias modalidades têm grandes patrocinadores, sim, mas, geralmente, são esportes coletivos. Em certos esportes individuais é difícil encontrar um atleta que se dedique somente ao esporte, porque simplesmente não há interesse do governo em investir.

Claro que o governo chinês quer mais do que mostrar a supremacia esportiva de seu povo, diante de países desenvolvidos. Eles querem afirmar que estão crescendo como país, por isso querem ser os primeiros no quadro de medalhas, querem ser vistos como o país que melhor organizou a competição até hoje, enfim, querem ser grandes.

O Brasil, com dimensões territoriais tão significativa, enviou a maior delegação de atletas até hoje para uma olimpíada, mas os resultados são o reflexo da falta de esforço dos governantes em melhorar a questão esportiva do país. Porque os atletas — em grande maioria, à exceção de alguns jogadores de futebol
, esses sim, estão fazendo sua parte, treinando, dedicando-se ao que fazem de melhor e ao que gostam de fazer.

Nosso país deve se inspirar na China como investidor de um futuro, afinal, gente com tão pouca oportunidade na vida vê no esporte uma possibilidade de vencer. A educação é essencial, junto com o esporte, para que a sociedade brasileira possa desenhar um outro rumo. Não digo que haja investimento apenas para ganhar competições, até porque nem a China está fazendo só isso. Afinal, se for pra competir só pra ganhar, não são necessárias as medalhas. Como diria Quincas Borba, "Ao vencedor, as batatas".

3 de ago. de 2008

Reforma agrária da cultura

Ir ao teatro no Rio de Janeiro pode significar duas coisas: ou se tem dinheiro ou se tem tempo. Explico, primeiro, pelo mais simples. Ter dinheiro é um requisito básico, afinal, as entradas não custam nada barato. Justo, pelo trabalho de dezenas de pessoas entre atores, produtores, figurinistas, diretores, o aluguel do teatro, enfim... eles precisam receber. No entanto, digo ter dinheiro também no sentido de "morar bem" (leia-se zona sul da cidade). Grande parte dos palcos estão localizados na área "nobre", então, as pessoas que habitam nestes locais são privilegiadas. Desde, claro, que tenham dinheiro para as entradas.

Aí, reside a outra questão. Como os teatros ficam concentrados em uma parte da cidade, as pessoas que moram em outras áreas têm que se deslocar para assistir às peças. Neste momento, começa a maratona de muita gente, como a minha.

Decidida a assistir uma peça na penúltima semana em cartaz, saí às 19h de casa, rumo à Gávea. Passados 1 hora e 10 minutos entre ônibus-metrô-ônibus, cheguei à fila da bilheteria. Mais 40 minutos aguardando minha vez (pois havia apenas uma pessoa para atender), consegui comprar minha meia-entrada. Na volta pra casa, mais 1h hora e 20 minutos entre ônibus-metrô-ônibus. Somando tudo, inclusive o período da apresentação teatral, posso dizer que levei 5 horas e meia para me dedicar à cultura. Isso é facilitar o acesso às pessoas?

Isso me fez refletir sobre o pedido
do diretor Murilo Salles (do recente Nome próprio), sobre a presença do público no fim de semana de estréia de um fiilme. Como propagar o cinema nacional se o filme estreou em apenas três salas?? E todas na zona sul da cidade. Quer dizer que quem mora em outras áreas não tem direito a assisti-lo, ou deve dar um jeito para vê-lo?

Brasil, um país de todos (e cultura só para alguns).

29 de jul. de 2008

Se o Brasil não tem jeito, o Vasco tem?

Pois é, dia desses me deparei com esta questão.

O Brasil, este país que me acolhe desde que eu nasci, onde tenho passado todos estes anos, contando até mesmo os nove meses em que morei na barriga de minha mãe (local este que considero neutro, quase até cosmopolita) anda um pouco conturbado. Enfim, estou sendo bem simpática ao dizer isto. Mas eu sou uma pessoa de fé, de crenças fortes e firmes, e acredito sempre em uma melhora súbita.

Aí, como boa brasileira que sou, pensei: "E o meu time, meu Vasco, tem jeito?". Caro leitor, comecei a me preocupar um pouco mais... A idéia é a mesma: sai presidente, entra presidente, e as coisas não apresentam melhoras. É um tal de colocar a culpa em tudo, até na grama do estádio, se duvidar.

O que eu quero e preciso é ver mudanças, melhorias, resultados. Mas então, começamos por onde? Pelo Brasil ou pelo Vasco da Gama?

25 de jul. de 2008

Políticos sensibilizados

Estamos em ano de eleição. Certamente esse é o milésimo texto que você vê começando assim. Até porque, estamos em ano de eleição!

Mas, a questão não é somente essa. Envolve eleição, claro, por isso, desde logo, falei dela. No entanto, falarei de outro assunto: política pública.

No início desta semana, o programa Mais você, da Rede Globo, fez uma matéria sobre moradores de rua. Matéria esta que já tinha sido realizada ano passado e que, após um ano, eles decidiram retornar aos mesmos lugares da cidade de São Paulo para ver o que havia acontecido com os moradores de rua que tinham sido entrevistado há um ano.

A matéria foi bem feita e tudo mais. E, ao final dela, a apresentadora soltou a seguinte frase (com a melhor das intenções, claro): "Vamos ver se isso que acabamos de assistir sensibiliza as autoridades competentes."

Foi aí que me chamou a atenção e estou, desde então, refletindo sobre esta frase. Ora, penso eu, as autoridades precisam ser sensibilizadas com matérias do tipo, para que, a partir daí resolvam essas questões sociais? Eu, na minha ingenuidade, achava que, se elas estão em cargos políticos, é porque já são pessoas sensíveis aos problemas que as cidades do nosso país enfrentam, principalmente a pobreza.

É, talvez elas sejam eleitas sem terem a noção do que precisa ser feito. E pior, nós as elegemos sem ao menos saber o que elas farão como nossas representantes e como resolverão os nossos problemas. Elas não apresentam suas estratégias políticas (falo de como atuarão e não o que sempre falam que irão resolver, como: "darei escola, darei saúde, darei trabalho...". Tudo isso todos falam, só não falam como cumprirão essas promessas), e a gente sequer sabe que deveriam apresentar.
Alguém sabe qual a política pública para resolver a pobreza, no Rio, por exemplo? Ah, lembrei: restaurante popular!

Então, já foi resolvido este problema, vamos para outro. Mas, será que eu teria que falar alguma tragédia para que as autoridades competentes se sensibilizem, chorem e resolvam os problemas sociais?