7 de abr. de 2009

Por gentileza, obrigada!



Cada um no seu quadrado, como fala a famosa música. Esse deveria ser o curso normal da história, no que diz respeito à educação. Os pais ficam com a responsabilidade da educação que vem de casa, aquela primária, sabem? Na minha época, e olha que nem foi há tanto tempo, quando eu ganhava alguma coisa,mamãe dizia: "Como se fala minha filha?"; era tão lógico o respeito aos meus pais e consequentemente aos mais velhos que, quando eu sacudia as pernas de pirraça, mamãe só olhava; quando eu fazia algo errado, papai só olhava. Não fiquei traumatizada, não quis cortar os pulsos e nem me enfiei nas drogas. Com tudo isso, restava, pra escola, a educação formal, regular, o "beabá" mesmo.

Mas o que temos hoje? Uma psicologia e pedagogia sempre a favor das crianças, mesmo quando essas estão erradas. Nada se pode falar pro filho e nada se pode fazer com o aluno. O ensino vai mal, eu sei, há vários mecanismos ruins que não estão ligados à educação que o indivíduo traz de casa, é certo. Porém, qual o profissional que não se corrompe e se entrega ao desânimo diante do cenário que se instaurou nas escolas?

Falo das públicas e das prarticulares também. Vários colegas que acreditavam na educação como a base de tudo, se entregaram, por amor, ao magistério, e, com menos de um mês de trabalho, dando aula pra essa geração aprendiz de terrorista, já entraram em desespero.

Não tem sido raro ouvir dos professores que crianças da quinta série se agridem fisicamente, por causa de um lápis. E é um tal de "vai tomar naquele lugar" para lá, "vai se f..." para cá, além de chutes e pontapés nos professores. O melhor, pasmem, nada pode ser feito da parte dos nossos mestres! Eles não podem colocar pra fora de sala, não podem suspender, não podem deixar de castigo, além da hora, não podem nenhum mecanismo de punição, NENHUM!!!

Há hoje um amparo ao desrespeito, à falta de educação, à violência e um desamparo aos nossos professores, a fim de que a mínima ordem seja reestabelecida e as salas de aulas voltem a ser um local de aprendizado e troca.

Lembrei de uma coisa que uma colega de trabalho me contou e até me deu vontade de rir. A troca entre professores e alunos tem sido de outro jeito. Essa colega disse que xingou esses dias alguém do seu convívio e, quando se deu conta, disse: "Estou me tornando um monstro!". Ou seja, o meio está influenciando tanto a pobre coitada que ela está adquirindo os hábitos dos seu educados alunos.

Nem entrarei no mérito deles chegarem na quinta série, alguns com 17 anos, e não saberem ler ainda...Prefiro nem falar disso, porque me dá um embrulho no estômago tal situação.

Como mamãe me ensinou, dá licença, por favor, por hoje é só e muito obrigada pela atenção até o final do texto. Ah, volte sempre!

3 comentários:

Anônimo disse...

Fiquei comovida ao ler este artigo. Afinal, não são poucas as nossas partilhas sobre a angústia que tenho enfrentado após as minhas longas tardes de trabalho.
Eu não diria que “temos uma psicologia e pedagogia sempre a favor das crianças, mesmo quando essas estão erradas”. Não é dessa forma pejorativa que as coisas acontecem, e para entender o real cotidiano da sala de aula, temos que olhar as situações por outros ângulos, não colocando a culpa de tudo na pobre coitada da pedagogia rs. O grande problema é que esses outros ângulos (como por exemplo a ausência de limites que deveriam ser ensinados pela família) muitas vezes não são sequer mencionados, ficando mais fácil atribuir a culpa ao professor.
Eu sou uma dessas que escolheu a educação por amor e por acreditar no desenvolvimento humano como um todo, não visando apenas a parte cognitiva do indivíduo. Mas a grande questão de muitos educadores (é claro que estou falando somente daqueles educadores que não acreditam nos retrógrados castigos, que apenas punem e não dão a devida consciência do que é certo ou errado) é a seguinte: Como pensar em uma formação global, se muitas vezes caminhamos sozinhos e remamos contra a maré da falta de educação adquirida em casa?
O que vejo hoje em dia é que há uma total transferência de papéis, onde os pais delegam à escola o ensinamento de alguns valores que deveriam ser aprendidos em família.
E quem dera que todos os problemas fossem somente ensinar valores e hábitos como dá licença, por favor e muito obrigada... O caos da educação vai muito além disso! Como educadora que trabalha com infância, afirmo que, diariamente, tenho que fazer o papel de pedagoga, mãe, psicóloga, enfermeira, assistente social e de várias outras coisas que são necessárias às crianças.
Não sou a favor de tanto desgaste e empenho por parte de um único profissional (que tem uma única formação), mas o que fazer nestes casos onde as outras partes se anulam? Ensinar somente o beabá e formar leitores que mais tarde pegarão o carro para arrastar por ruas uma criança presa ao cinto de segurança? E aqueles outros jovens educados cognitivamente que colocaram fogo no índio e bateram em uma empregada por pensar que ela era uma prostituta? Todos estes sabiam o bebabá ao ponto de ler e escrever...
A escola deveria, sim, cumprir com o papel apenas de ensinar, mas enquanto as outras partes não colaboram, nós educadores vamos nos virando nos 30 (e na baixa remuneração) para educar essas crianças não apenas para a Provinha Brasil, mas para a vida.
Pra terminar eu deixo um último desabafo: quem me dera que a moda do cada um no seu quadrado se estendesse à minha sala de aula... Quem me dera!!!

Princesa Mônica disse...

adorei o texto Ju, concordo plenamente! só quem passa por isso é que sabe o q você tá dizendo

Leda disse...

É...concordo plenamente com o que disse. Tem saída esse buraco, entre uma boa educação e a chamada "psicologia infantil"? Educar é uma arte, e quem consegue, é uma artista! Parabéns aos conseguem: pais, mães ou professores.
Ah...você sempre escreve muito bem. Que tal um livro?