24 de mar. de 2009

Sim, vivemos em uma guerra semivelada

Todos os jornais noticiaram: "Pânico na zona sul do Rio". E eu estava lá, em uma das ruas do Humaitá onde ocorreram detenções de bandidos e onde, hoje, foi localizada uma granada, que por sorte não deflagrou! Fiquei imaginando se ela explode. Qual seria o estrago, visto que passavam crianças acompanhadas de adultos, que as traziam da escola. Qual o poder de destruição de um artefato desses?

Caramba, ontem ficou
punk a situação na zona sul. Pela manhã, muitos tiros que pareciam estar do nosso lado (e realmente estavam), porque o barulho era muito alto. Gritaria na rua e, quando vejo, bandidos armados estavam saindo do matagal, descendo a ladeira! No caminho abordaram uma van, mas não fiquei à janela pra ver o que ocorreria depois.


Daqui a pouco, vários carros de polícia subiram e ficaram na frente do prédio, os policiais entraram no matagal lá perto e começaram a vistoriar prédios vizinhos. Muita tensão!


Vi o momento em que equipes de reportagem chegavam e o bandido foi preso no jardim de um prédio. Quando deviam haver uns 40 ou 50 homens na rua, fardados e à paisana, aproveitei a situação de "calma" e saí de lá.

Realmente, está muito perigoso viver aqui, apesar de todas as maravilhas que a cidade oferece, nessas horas a gente percebe que vive em uma guerra urbana velada. Ninguém assume, mas é isso o que acontece, uma guerra com períodos de trégua.

Jornalistas hoje questionavam a autoridades policiais por que não houve prevenção, para impedir a invasão da Ladeira dos Tabajaras e evitar esse confronto. Tudo bem, o serviço de inteligência pode ter falhado, mas porque não se pergunta por que esses traficantes fazem tanta questão de continuar pela zona sul?? Será porque a resposta poderia desagradar à classe média-alta desses bairros, que paga valores exorbitantes de IPTU e tem carros de luxo e muitas vezes parece esquecer que dinheiro fácil na mão dos filhos pode ser perigoso? A questão é que a zona sul concentra a maior clientela de drogas que esses traficantes vendem.

É complicado resolver essa situação, mas enquanto houver usuário de drogas, o tráfico continuará atuando nas comunidades carentes e nós vivendo períodos de confrontos e tréguas. O que se espera é que essa guerra tenha um fim. E de preferência, feliz.

14 de mar. de 2009

(Des)educando


Fiquei impressionada ao ver uma cena ontem, de dentro do ônibus: uma mãe atravessava a rua com seu filho, voltando da escola e, a mãe fala alguma coisa pra ele e infica uma lixeira. O menino, então, joga algo no lixo. Pensei, "Que bom, será um cidadão educado, que não vai jogar coisas na rua".

Mas, logo depois, o menino se aproxima de uma árvore, e começa a fazer xixi. A mãe aguarda a criança para continuar o trajeto pra casa. E isso tudo a menos de 5 metros da entrada de um restaurante!! Fiquei abismada! Por que essa mãe não levou o filho para usar o banheiro do restaurante? O que custava a ela?

Então, conclui o pensamento, "é, educando e deseducando ao mesmo tempo... Será que ela gostaria de o muro da casa ou do prédio dela estivesse fedendo a urina, quando ela saísse pela manhã? Será que ela gostaria que a mãe dela fosse obrigar a desviar porque há homens fazem xixi no meio do caminho da senhorinha?"

Alguém pode pensar "mas é só uma criança...", só que é desde pequenos que eles devem aprender a ser educados, a ter bons modos e a ser cidadãos.


Além do mais, qual é o problema dos homens? Se uma mulher (com um mínimo de educação) está com muito vontade de ir ao banheiro, ela se segura até encontrar um. Os homens, não, encostam em qualquer muro ou poste e urinam ali mesmo. Por que não esperam até encontrar um banheiro? "Ah, mas homem não consegue se segurar", poderiam responder. Aí eu questiono novamente: se fosse por esse motivo, eles urinariam em qualquer lugar e eu nunca vi nenhum homem fazendo xixi em ônibus preso em engarrafamento, em fila de espera em banco, ou qualquer outro local em que fosse preciso esperar.
O que lhes falta é educação mesmo. Só espero que aquele menino não se transforme em mais um mijão pela cidade.

5 de mar. de 2009

27 minutos

É... foram 27 minutos de Ronaldo Nazário no jogo de ontem do Coringa contra o Itum... qualquer coisa... Mas quem se importou com o resultado? O único número que a nação do "clube-agremiação" é o 27. Que foi 2 x 0 isto é extremamente irrelevante...

Ontem, mesmo querendo jogar todo o olho gordo pro jogo do Flamengo, foi irresistível não querer ver o grande "Felômeno" chutar a bola em um jogo válido depois de tanto tempo. Claro, ver mesmo eu não vi porque dormi... mas pude ver a urubuzada dos meus colegas de comunicação (sim, los jornalistas) em cima do pobre coitado. O ex-integrante do Fat Family estava quase que desaparecendo no meio de tantos repórteres...

Mas a dúvida que não quer calar é a seguinte: Ronaldo vai jogar no clááááássico contra o Parmeiras? Ele vai fazer muitos gols? E a maior delas: será que ele vai pra noitada na sexta?

Quem viver, verá....

4 de mar. de 2009

"Quem assina o xeque?"

Vou te contar-te ném, eu queria entender o que acontece com as pessoa do nosso país. Tem gente aí rindo da Lady Kate, mas a situação do nosso português está crítica. E não é por causa do novo acordo ortográfico!

Nada melhor do que um bate papo no msn pra gente ver como o povo está escrevendo mal. Engraçado como fica mais gritante e somos mais preconceituosos quando ouvimos as pessoas errarem a pronúncia das palavras, as concordâncias verbais e nominais e as conjugações de verbo. Porém, o que tem "gritado", ou melhor, "saltado" aos meus olhos é quando recebo um e-mail ou estou num bate papo com alguém graduado e eis que surge, no meio do texto, um "agente vai sair hoje?" ou " estou anciosa, mais não liguei pra ele, por que não posso ficar com baixa estima, preciso ter altoestima...".

Não sou a mestra em português, estou longe disso, longe mesmo. Vivo perguntando se escrevi certo e, inclusive este texto, sempre é relido por nossa jornalista formada também em Letras. Mas, sem a letra i, a questão que levanto é a seguinte: por que estamos escrevendo tão mal, mesmo depois de cursar uma faculdade?

Se falo dos meus alunos, tenho a resposta: não leem, abreviam tudo quando escrevem na internet e os ensinos fundamental e médio do Brasil estão ruins. Contudo, se falo de pessoas que já cursaram uma faculdade e, suponho eu que, neste percurso, tenham lido alguns textos, por que, ainda assim, estamos escrevendo tão mal? (mal com L = contrário de bem e mau com U = contrário de bom, a saber!)

Fico até com receio, ao escrever esse texto, de parecer preconceituosa (ah está na moda falar que tudo é preconceito), no entanto, de verdade, é uma preocupação com a formação acadêmica do país. Como posso me conformar com a ideia de que a elite pensante do Brasil (porque poucos têm ensino superior completo) está com uma produação de texto desse nível?

Tenho pensado nisso há um tempo e a mesma questão permanece: por que estamos escrevendo tão mal?

Será que mesmo depois de se cursar uma faculdade a gente continua paganu o preço das deficiências escolares que tivemos? Como diz um amigo meu: deve ser problema nos primeiros segmentos!

Mas fala pra ele quem assina o xeque, porque eu também tô paganu...