18 de mai. de 2009

Tá sem emprego?? Eu também.

Continuando a discussão do post anterior, quando me formei e também levei um "pé-na-bunda" do estágio, me falavam: "Não se preocupe, depois de formado é normal se levar até um ano para se conseguir um emprego."

Tudo bem, esse prazo já expirou e vivo atualmente meses de agonia. Durante um surto nas últimas semanas, questionei o porquê da dificuldade de se conseguir um emprego. A sociedade investe em milhares de estudantes durante quatro anos (a média da maioria dos cursos universitários públicos) para formar um profissional e não usufruir desse investimento? Na realidade, é isso que acontece, todos investimos e esses novos profissionais não conseguem dar retorno à sociedade.

Tenho várias teorias que poderiam responder à essa questão. Vamos a algumas delas:

1) Não interessa o investimento em educação. Sim, para os governantes parece que a educação nunca interessa e nunca está definida como prioridade. É fácil perceber isso quando ouvimos e lemos a todo instante nos jornais que faltam professores nas escolas públicas, os salários são baixos, as instalações das escolas são precárias etc. Outro fator é as autoridades não terão retorno naquele mandato. É impossível, cronologicamente falando, que investimento na educação básica seja perceptível no mandato desse ou daquele político, mesmo com reeleição. Assim, é mais difícil para as pessoas que não têm condições de pagar um colégio particular ingressarem em universidades públicas, garantindo grande parte das vagas ao filhos da elite econômica, que, por terem dinheiro e muito QI, não terão dificuldade na hora de arranjar um emprego. Ou talvez nem se importem, já que têm mesadas e não precisam se sustentar;

2) As pessoas não se aposentam mais no meio jornalístico (e em alguns outros também, afinal, quem sobrevive com apenas a aposentadoria do INSS?). Então, é bem provável que novas vagas só surjam com o decorrer das mortes dos coleguinhas.

3) Faltam vagas e os cortes nas redações só tendem a aumentar, apesar do trabalho dos jornalistas ter multiplicado: impresso, internet, notícias por SMS, rádio, vídeo. Temos de ser capazes de nos virar e saber fazer de tudo um pouco – e bem. Então, se um empresário pode pagar apenas um funcionário para fazer isso tudo, por que contratar mais gente. Sem falar que atualmente há uma tendência a contratos temporários, ou seja, os empregadores "se livram" de diversos impostos e obrigações.

4) No caso do jornalismo, muitas vezes o povo tem feito o papel de pauteiro, repórter, fotógrafo e redator, o conhecido "eu-repórter", conexão leitor, leitor repórter ou qualquer outro nome que tenha o cidadão que escreve ou alimenta os jornais impressos, on-line, de rádio etc. Mais uma vez fica a pergunta: por que contratar novos jornalistas se é possível usar essa fonte de notícias?

Isso tudo somado à crise econômica, à informatização, à aparente falta de comprometimento com a população significa que não, não é tão fácil assim conseguir um emprego depois de formado. E eu que achava o vestibular concorrido...

15 de mai. de 2009

Uma esmola pelo amor de Deus. Meu! Por caridade

Imagina você, na sua trajetória de vida, seja ela grande ou pequena, dependendo da sua idade, ter se dedicado, sonhado, lutado até que chegou na universidade. Vale destacar: sem ajuda alguma do governo. O mérito é seu, todo seu, apesar dos altos impostos pagos que não são revertidos para o benefício do povo.

Imagina, agora, que você cursou a faculdade numa das universidades com maior prestígio no país. Mas, vale destacar novamente: sem ajuda do governo. Lá, você correu atrás do material necessário e que não tinha na faculdade; assistiu aula em locais terrivelmente abandonados e sujos; usou o banheiro mais nojento que o de um botECO (eu e meus trocadilhos infames, desde o tempo da ECO); teve aulas com professores que mais pareciam personagens do filme Sexto Sentido; no entanto, conseguiu aprender alguma coisa com professores que, de fato, entendiam o valor do ensino e se dedicaram a ele. E, durante a sua jornada acadêmica, fez um estágio que, sem pena nenhuma, quando você se formou, te disse: "faz parte da vida. Boa sorte!".

Imaginou? Se imaginou também " a ver navios", cantando " eta vida de cão"?
É, a massa dos desempregados do Brasil se encontra, hoje, composta por aqueles que, desde criança, ouviam falar que eram o futuro do país. E, na faculdade, a elite pensante. E eis que a pessoa que vos fala engrossa essa massa há quase dois anos, sem ter imaginado que, saindo daquele lindo campus da Praia Vermelha, estaria próximo de entrar na portinha do lado: a do Pinel!

Sem querer pensar em uma teoria da conspiração de que tudo dá errado, principalmente para aqueles que vem de baixo, está difícil não achar que, em determinadas profissões, há uma ferrenha manutenção do status quo. Para empresas privadas, o QI; para os concursos, os cursos caros. Para quem não tem um nem outro, um blog para desabafar com um sentimento de quem pede uma esmola pra este país que não gera empregos, que não investe em educação e que deixa, aqueles que conseguiram terminar um ensino superior, na rua da amargura (lembrei da minha mãe agora com essa frase! Coitadinha, ela ainda acredita que as coisas irão mudar...).