4 de set. de 2008

Investimentos (des)necessários?



I
magine a seguinte situação: você entra na faculdade pública, estuda durante quatro ou cinco anos, envolve-se com a vida acadêmica, decide continuar estudando e, enquanto faz mestrado e doutorado, pensa em um pós-doutorado, leciona para os alunos que estão onde você já esteve.

A carreira acadêmica é fascinante e você não se vê trabalhando ou fazendo outra coisa que não esteja relacionado a pesquisas e ensino. Pois bem, você está ajudando a formar cidadãos para ajudar os cidadãos que, bem ou mal, pagam seu salário. Durante anos você se dedica, aprofunda conhecimentos e percebe que não há investimento em seu trabalho: seu salário está congelado há mais de uma década, não existe um plano de carreiras, a situação estrutural da universidade é péssima e cada vez mais o governo corta as verbas destinadas a tudo isso.

Seria uma triste história se não fosse a real situação em que se encontram os professores (e demais servidores) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Uma das melhores faculdades do estado, com cursos disputadíssimos como o de direito, uma vanguardista em relação às cotas estudantis e que a cada ano recebe menos verba do governo.

Atualmente, o debate na universidade é sobre a possível greve. Assembléias e mais assembléias são promovidas com intervalos mais curtos, estudantes questionam professores sobre paralisações, como vão ficar as aulas; enfim, a "rádio-corredor" funciona a pique total, tentando manter-se atualizada.


Penso nos estudantes que tentam se formar e como serão prejudicados com mais alguns meses sem aulas. Mas penso também na vida desses servidores, principalmente os professores que recebem menos atenção e vêem a profissão se desvalorizar a passos largos. Como pode um governo (e aqui não apenas o atual, mas os anteriores também) podem não dar a menor importância à educação? Como querem promover as tais mudanças prometidas durante a época eleitoral se não valorizam um dos pilares essenciais para que efetivamente haja mudança?

Se mais uma greve vai resolver todos os problemas é difícil dizer, mas que esses profissionais, estudantes e a sociedade merecem respeito, ah, merecem sim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom, Pri. Eu sou um daqueles estudantes que quer muito se formar ainda em 2008, mas estou quase convencida de que não será possível. Quando passa a minha revolta por ter de ficar ainda mais tempo, eu paro para pensar nas questões que você citou. Realmente, os professores não têm saída. Não se trata mais somente de aumento de salário, são várias questões. Acho que a greve não vai resolver, mas é a única arma, mesmo que praticamente inútil. Não sou a favor, mas não vejo nenhuma saída. Nem alunos, nem servidores, nem professores são respeitados.Pelo visto, os protestos e assembléias não têm nenhum efeito. Infelizmente a greve
é quase inevitável, e os mais prejudicados somos nós.