"Nossa, o ano já acabou?" Quantas vezes ouvi essa frase, em todo ano, durante toda a minha vida...É certo que nesta época as pessoas falam de renovações, embora não consigam a metade delas. É certo que se fala em solidariedade, amor, fraternidade e todas as "dades" dessa novidade que é um ano que chega.
Apesar da minha máscara de "coração gelado", dá vontade de chorar ao ver as criancinhas cantarem "então é natal...". Mas, mais vontade de chorar me dá ao ver outras cenas.
Há umas semanas eu passava pelo Cais do Porto "revitalizado",às 19h, e vi uma família que mora ali -dentre tantas outras. A mãe fazia sua higiene com um baldinho e uma água que sabe lá Deus de onde veio, o pai esperava , o filho colocava a calça e já tinha o cabelo penteado. Mais à frente, uns meninos correndo pra lá e pra cá, com uns shorts enormes (cavalo dado não se olha os dentes), brincando quase que despercebidos pelas pessoas, a não ser por aquelas que tinham medo de serem assaltadas por eles. Essa semana, na Pç. Mauá,pela manhã, vi um outro menino, com roupas grandes sujas, pequeno, lindo, com uma garrafinha de refrigerante, sei lá, que deveria ser o seu café. Ele cantava sozinho e batucava na garrafa.
Sempre quando falo algo do tipo para outras pessoas , ouço:"mas isso é normal no centro da cidade". É, eu sei. Há quase sete anos passo por estes lugares, além de outros do Rio e, "apesar da normalidade", não deixo de sonhar com outra norma, com outro padrão.
Enlouquecidamente me pergunto: o que posso fazer para mudar? O que posso fazer, eu também te pergunto. Falar, falar ou escrever não resolve. Não há mais sensibilidade com o que é normal, banal, cotidiano. Há lágrimas para o filho que canta com a turminha o "Então é natal...", mas não há para aquelas crianças que sorriem, brincam e cantam, sujas, com fome e até drogadas.
Não posso me conformar, tomar a mesma forma desse mundo que padronizou a pobreza, que manda fuzilar meninos de rua que roubam no sinal, mas que falam que seus filhos são doentes quando sustentam o crime organizado comprando drogas. Eu sonho em um dia olhar a janela do ônibus e não ver famílias nas ruas, meninos drogados me pedindo dinheiro, crianças vendendo balas descalças,homens sujos sentados esperando a vida acabar. Eu sonho com brancos sem medo de negros no meio das ruas; educação e emprego para todos; vagas em hospitais mesmo para aqueles que não conhecem um funcionário da saúde; eu sonho com pais que passam mais tempo com os filhos e que deem importância às suas perguntas e histórias; eu sonho com meninos de todas as classes que não precisam encontrar nas drogas o seu refúgio. Eu sonho com aquele mundo cantado por Louis Armstrong e que meu pai colocava toda virada de ano quando eu era criança. Eu sonho com esse mundo maravilhoso!
Apesar da minha máscara de "coração gelado", dá vontade de chorar ao ver as criancinhas cantarem "então é natal...". Mas, mais vontade de chorar me dá ao ver outras cenas.
Há umas semanas eu passava pelo Cais do Porto "revitalizado",às 19h, e vi uma família que mora ali -dentre tantas outras. A mãe fazia sua higiene com um baldinho e uma água que sabe lá Deus de onde veio, o pai esperava , o filho colocava a calça e já tinha o cabelo penteado. Mais à frente, uns meninos correndo pra lá e pra cá, com uns shorts enormes (cavalo dado não se olha os dentes), brincando quase que despercebidos pelas pessoas, a não ser por aquelas que tinham medo de serem assaltadas por eles. Essa semana, na Pç. Mauá,pela manhã, vi um outro menino, com roupas grandes sujas, pequeno, lindo, com uma garrafinha de refrigerante, sei lá, que deveria ser o seu café. Ele cantava sozinho e batucava na garrafa.
Sempre quando falo algo do tipo para outras pessoas , ouço:"mas isso é normal no centro da cidade". É, eu sei. Há quase sete anos passo por estes lugares, além de outros do Rio e, "apesar da normalidade", não deixo de sonhar com outra norma, com outro padrão.
Enlouquecidamente me pergunto: o que posso fazer para mudar? O que posso fazer, eu também te pergunto. Falar, falar ou escrever não resolve. Não há mais sensibilidade com o que é normal, banal, cotidiano. Há lágrimas para o filho que canta com a turminha o "Então é natal...", mas não há para aquelas crianças que sorriem, brincam e cantam, sujas, com fome e até drogadas.
Não posso me conformar, tomar a mesma forma desse mundo que padronizou a pobreza, que manda fuzilar meninos de rua que roubam no sinal, mas que falam que seus filhos são doentes quando sustentam o crime organizado comprando drogas. Eu sonho em um dia olhar a janela do ônibus e não ver famílias nas ruas, meninos drogados me pedindo dinheiro, crianças vendendo balas descalças,homens sujos sentados esperando a vida acabar. Eu sonho com brancos sem medo de negros no meio das ruas; educação e emprego para todos; vagas em hospitais mesmo para aqueles que não conhecem um funcionário da saúde; eu sonho com pais que passam mais tempo com os filhos e que deem importância às suas perguntas e histórias; eu sonho com meninos de todas as classes que não precisam encontrar nas drogas o seu refúgio. Eu sonho com aquele mundo cantado por Louis Armstrong e que meu pai colocava toda virada de ano quando eu era criança. Eu sonho com esse mundo maravilhoso!
Um comentário:
Eu tenho um nome para esse lugar aí que você sonha. Chamo de Céu. Não sei bem como é, nem onde é...necessariamente não precisa ser lá em cima.
Mas penso que encontrar ele, o Céu, só encontrando a Vida Eterna.
Esperar com esperança!
Bjs
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