Continuando a discussão do post anterior, quando me formei e também levei um "pé-na-bunda" do estágio, me falavam: "Não se preocupe, depois de formado é normal se levar até um ano para se conseguir um emprego."
Tudo bem, esse prazo já expirou e vivo atualmente meses de agonia. Durante um surto nas últimas semanas, questionei o porquê da dificuldade de se conseguir um emprego. A sociedade investe em milhares de estudantes durante quatro anos (a média da maioria dos cursos universitários públicos) para formar um profissional e não usufruir desse investimento? Na realidade, é isso que acontece, todos investimos e esses novos profissionais não conseguem dar retorno à sociedade.
Tenho várias teorias que poderiam responder à essa questão. Vamos a algumas delas:
1) Não interessa o investimento em educação. Sim, para os governantes parece que a educação nunca interessa e nunca está definida como prioridade. É fácil perceber isso quando ouvimos e lemos a todo instante nos jornais que faltam professores nas escolas públicas, os salários são baixos, as instalações das escolas são precárias etc. Outro fator é as autoridades não terão retorno naquele mandato. É impossível, cronologicamente falando, que investimento na educação básica seja perceptível no mandato desse ou daquele político, mesmo com reeleição. Assim, é mais difícil para as pessoas que não têm condições de pagar um colégio particular ingressarem em universidades públicas, garantindo grande parte das vagas ao filhos da elite econômica, que, por terem dinheiro e muito QI, não terão dificuldade na hora de arranjar um emprego. Ou talvez nem se importem, já que têm mesadas e não precisam se sustentar;
2) As pessoas não se aposentam mais no meio jornalístico (e em alguns outros também, afinal, quem sobrevive com apenas a aposentadoria do INSS?). Então, é bem provável que novas vagas só surjam com o decorrer das mortes dos coleguinhas.
3) Faltam vagas e os cortes nas redações só tendem a aumentar, apesar do trabalho dos jornalistas ter multiplicado: impresso, internet, notícias por SMS, rádio, vídeo. Temos de ser capazes de nos virar e saber fazer de tudo um pouco – e bem. Então, se um empresário pode pagar apenas um funcionário para fazer isso tudo, por que contratar mais gente. Sem falar que atualmente há uma tendência a contratos temporários, ou seja, os empregadores "se livram" de diversos impostos e obrigações.
4) No caso do jornalismo, muitas vezes o povo tem feito o papel de pauteiro, repórter, fotógrafo e redator, o conhecido "eu-repórter", conexão leitor, leitor repórter ou qualquer outro nome que tenha o cidadão que escreve ou alimenta os jornais impressos, on-line, de rádio etc. Mais uma vez fica a pergunta: por que contratar novos jornalistas se é possível usar essa fonte de notícias?
Isso tudo somado à crise econômica, à informatização, à aparente falta de comprometimento com a população significa que não, não é tão fácil assim conseguir um emprego depois de formado. E eu que achava o vestibular concorrido...
desejo periférico
Há 6 anos
2 comentários:
Isso também se agrava pelo fato de você falar de uma capital em que muita gente se forma anualmente.
Outro agravante seria a decisão do STF quanto ao diploma?
Fato é que virar Pessoa Jurídica ou cair em freelas tem sido uma realidade. Lamentável...
Realmente, Jean, não só as universidades fluminenses formam muita gente como o número de jornalistas que se deslocam para tentar a sorte nas capitais do RJ e de SP é enorme.
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