Ensaio sobre a cegueira e pessoas-abacaxis
Bom, o post inicialmemte seria somente sobre o filme Ensaio sobre a cegueira, baseado no livro homônimo de José Saramago. Mas, antes, vou aproveitar o post anterior sobre pessoas-abacaxis, para fazer um desabafo: porque raios as pessoas conversam e comem pipoca com a maldita boca aberta dentro do cinema??
Afinal, a idéia é assistir ao filme ou ficar comentando cenas ou distrair-se com a comida durante a exibição? Isso sem falar que aqueles sacos de pipoca fazem um barulho danado (é, não basta o indivíduo comer e todos verem e ouvirem o que se passa dentro da boca dele). Essas pessoas deveriam receber uma carimbada-abacaxi no meio da testa, como disse Isis Maria no comentário. Que inconvenientes!
Mas voltemos ao filme. Depois de ler o livro e as boas críticas sobre a adaptação de Fernando Meirelles, inclusive em entrevista do próprio Saramago, fui ao cinema. Fora os contratempos, posso dizer que o filme é bom. Sim, bom. Isso porque depois de ler uma obra, quando se assiste à tranposição daquela história para a linguagem cinematográfica, sempre fica faltando alguma coisa.
Claro que ninguém assistiria a um filme com cinco horas de duração, mas acho que a "essência" (acho que posso classificar assim) dos personagens se perde um pouco, primeiro, porque não é mais necessária a figura de um narrador, uma vez que a descrição dos locais e gestos pode ser vista pelo cenário e ações dos personagens, outra porque os pensamentos deles, a intensidade dos sentimentos e questionamentos sobre dignidade, o que é ser humano, vale a pensa viver como vivemos atualmente, ficaram dispersos.
A intenção do diretor, de provocar o espectador, com a iluminação aberta e mistura das cenas com brancos totais ou parciais, com certeza atingiu o objetivo: é impossível ficar indiferente à tela em branco, à tentativa de enxergar a cena, quando a interposição é rápida, enfim, é um filme que vale à pena. Só não mais do que o livro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário